O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, determinou nesta sexta-feira (21) que o governo apresente uma nova versão do plano para o enfrentamento da Covid-19 entre os indígenas. Ele já havia dado determinação semelhante no último dia 7. O documento com novos ajustes deverá ser apresentado até 7 de setembro.
A elaboração do plano foi uma determinação do próprio ministro ainda em julho, como parte de uma série de medidas tomadas no âmbito de uma ação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e de partidos políticos.
A entidade e os partidos contestaram no STF a política do governo para o combate da doença entre povos indígenas. As determinações do ministro foram referendadas pelo plenário do Supremo neste mês.
A ordem para alterar o plano foi expedida depois que Barroso recebeu, da Apib e de outras instituições – como Fundação Oswaldo Cruz, Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), Grupo de Trabalho de Saúde Indígena da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Ministério Público Federal e Defensoria Pública da União – críticas a pontos do documento, entre os quais:
– o plano não incorpora sugestões de participantes da sala de situação, espécie de gabinete de crise criado com representantes do governo, MP, defensoria e indígenas;
– o governo recusou-se a apresentar dados que podem contribuir para entender as tendências de evolução da doença entre indígenas, alegando a necessidade de manter a privacidade das pessoas. Mas as instituições afirmam que o argumento é “inconsistente” porque bastaria fornecer as informações sem a identidade dos pacientes;
– o plano se concentra numa espécie de prestação de contas de ações passadas e não desenvolve o detalhamento de ações futuras;
– documento é genérico e não delimita elementos como objetivos, metas, quantitativos, cronograma (detalhado), responsáveis e recursos orçamentários;
– o plano não especifica medidas de contenção e isolamento de invasores que estão dentro das terras indígenas. Também não delimita a localização das barreiras, equipes, insumos e prazo de implementação.
No relato do ministro, a Apib também informou ao STF que chamou a atenção para a previsão, dentro do plano, de medidas de promoção do turismo em terras indígenas para retomada da economia.