A ambulante Luzinete Rodrigues, 40 anos, acordou alegre nesta terça-feira (29) para preparar o local onde vai passar a trabalhar dentro do mais novo mercado municipal de Salvador, localizado em São Cristóvão. “Hoje eu cheguei 8h para começar a organizar as coisas, mas antes eu levantava 3h30, saía 4h para trabalhar. Armava barraca na rua e começava a vender com o dia claro. Só voltava para casa de noite. Agora isso vai mudar, pois vamos guardar as coisas aqui mesmo e não precisarei mais acordar tão cedo”, contou.
Luzinete é uma das 65 ambulantes que terão a vida melhorada com o novo local de trabalho. O espaço de 1,1 mil metros quadrados era um terreno abandonado e, em um ano e meio, se transformou num mercado com 5 boxes e 60 bancas para feirantes, peixeiros e ambulantes de todo tipo. A obra teve responsabilidade da Prefeitura de Salvador, que investiu R$ 2,2 milhões na construção.
“Quando começamos o movimento para a construção, apareceu um empresário dizendo que o terreno era dele, mas felizmente conseguimos na justiça vencer o processo e iniciar essa obra, que hoje está finalizada”, lembrou Marcus Passos, secretário municipal de Ordem Pública. A situação também foi recordada pelo prefeito ACM Neto, que esteve presente na inauguração. “Tivemos momentos de estresse, precisamos pedir paciência e houve um momento que tive que bater na mesa para o projeto sair do papel”, disse o prefeito.
Com o novo espaço para o mercado informal, ambulantes que ficavam ao redor da Avenida Aliomar Baleeiro foram destinados para espaços mais limpos, com distanciamento social e refrigerados. Isso é uma grande vantagem para o peixeiro Gleidson Silva, que pretende até aumentar os lucros com o novo local de vendas. “Antes a mercadoria não ficava bem condicionada. O sol na cabeça era intenso. Agora tudo isso mudou. Os clientes chegam e não tem receio de comprar e, em nome de Jesus, isso vai aumentar minha venda”, afirmou.
Outro motivo de alegria para os ambulantes é o fato do mercado está situado no centro comercial de São Cristóvão, o que também deve facilitar as vendas. “Eu sou ambulante há muitos anos, desde o século passado. Criei meus filhos vendendo roupas. E estou muito feliz com esse presente de Natal que estamos recebendo. Hoje, temos o privilégio do mercado ser dentro da área comercial do bairro. Eles foram muito bons com a gente”, exclamou a vendedora Luzinete Rodrigues.
Informal – Para o prefeito ACM Neto, a inauguração do mercado municipal representa ainda o compromisso da sua gestão com o setor. Ele se emocionou ao falar de momentos que viveu no passado e que foram relembrados na entrega.
“Em 2012, quando venci a eleição, havia um temor dos homens e mulheres do mercado informal de que a nossa gestão fosse tratá-los com o uso da forca e da opressão. O que aconteceu foi o oposto. Nenhuma outra gestão deu tanta atenção e investiu tanto no mercado informal como fizemos”, disse Neto.
Ainda para o prefeito, tudo isso só foi possível devido ao diálogo que foi estabelecido com as lideranças comunitárias e movimentos. “Nós priorizamos um trabalho de organização pautado no diálogo, nunca usando a forca, nunca impondo. É claro que soubemos reestabelecer a ordem. No entanto, isso sempre foi feito entendendo acima de tudo que o ambulante e feirante está trabalhando de maneira honesta para sustentar os seus. Esse sempre foi nosso princípio: reconhecer que eles são trabalhadores, cidadãos de Salvador esforçados e, por isso, mereceram o nosso mais absoluto respeito, carinho e a atenção”, concluiu.
Além de São Cristóvão, já foram entregues os mercados da Liberdade, das Flores, Dois de Julho, Periperi, Itapuã, Água de Meninos, Cajazeiras, Jardim Cruzeiro e São Miguel. O secretário Marcus Passos lembrou que a atividade informal continuará nas ruas do bairro, já que a quantidade de ambulante é maior do que a capacidade do mercado.
“A gente sempre teve um diálogo com os comerciantes. A maioria dos que estão aqui, hoje, trabalhavam na frente desse espaço. Existe, ainda, um projeto de ampliação do mercado, que pode ser tocado pelo próximo prefeito em uma segunda fase. O comércio informal tem aumentado e a nossa missão não é tirá-los da rua e sim organizá-los. Nesse momento, não conseguimos tirar todos da rua, mas continuamos com o nosso trabalho de organização”, apontou.
Foto: Divulgação/Secom-PMS