O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, em transmissão ao vivo nas redes sociais nesta quinta-feira (04), que o Brasil terá, ainda em março, 20 milhões de doses de vacina contra a covid-19 disponíveis e mais 40 milhões em abril. A quantidade informada pelo chefe do Planalto bate com a previsão do Instituto Butantan de entregar 21 milhões de doses da Coronavac até o fim do mês para aplicação pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Na live, o presidente também apontou que o Ministério da Saúde já contratou 400 milhões de doses de diferentes fármacos até janeiro de 2022 e que haveria mais 178 milhões de doses de vacinas “em tratativas”. Bolsonaro lembrou ainda a confirmação, pela Pasta, de compra de 100 milhões de doses da Pfizer, que o governo federal vinha recusando desde o segundo semestre de 2020, e de 38 milhões de doses da Janssen.
O Ministério comandado por Eduardo Pazuello só anunciou a aquisição dos imunizantes da Pfizer e da Janssen após a aprovação, pelo Congresso Nacional, do projeto de lei (PL) 534/2021, que autorizou a União, Estados e municípios a assumir os riscos de responsabilização civil por eventuais efeitos adversos pós-vacinação. Antes disso, o Planalto vinha alegando “óbices jurídicos” para justificar a recusa em fechar contratos com as farmacêuticas.
Outro elemento do PL, a que parlamentares atribuem a rápida confirmação da Pasta de que compraria as vacinas, é a permissão para que Estados, municípios e o setor privado as comprem diretamente com laboratórios, sem necessidade de intermédio da União.
Apesar da demora em concretizar a aquisição de imunizantes que eram oferecidos há meses ao Executivo federal, Bolsonaro se queixou na live de que, na sua visão, “alguns teimam em dizer que o governo não se preocupa com vacina”. “Agora, vêm essas narrativas que somos negacionistas, não acreditamos em vacinas, aquela história toda para boi dormir, como fizeram na minha campanha em 2018”, falou.
Ele repetiu, como já fizera em várias lives no passado, que a aplicação da vacina contra a covid-19 será voluntária e não haverá sanções, por parte de seu governo, para aqueles que decidirem não recebê-la.
Ainda sobre as vacinas, Bolsonaro buscou defender que sempre teria dito que todas as vacinas certificadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) seriam compradas pelo Ministério da Saúde. A alegação contradiz com o episódio em que o presidente desautorizou Pazuello após o ministro anunciar um protocolo de compra da Coronavac, principal bandeira do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), no enfrentamento à pandemia.