O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB), acusa o ex-deputado federal baiano e atual presidente do PL na Bahia, José Carlos Aráujo, de tentar extorqui-lo. Segundo Cunha, Araújo teria pedido R$ 3 milhões para livrá-lo do processo no Conselho de Ética que acabou culminando na cassação do seu mandato. A declaração está em trecho revelado pela revista Veja, do livro “Tchau, Querida — O Diário do Impeachment”, de autoria de Cunha, que será lançado no dia 17 de abril. As informações são do Uol.
De acordo com informações da Veja, Cunha conta no livro que o dirigente estadual do PL o procurou via Sandro Mabel, ex-deputado federal, e propôs o pagamento da quantia. O valor seria usado na campanha à reeleição do baiano, em 2018.
Em resposta, José Araújo chamou a acusação de fantasiosa. Na visão dele, Cunha busca “sujar a imagem de pessoas que foram seus algozes”. “Como eu ia querer alguma coisa, cair na besteira de pedir alguma coisa a ele? Ele quer criar factoide, quer vingança porque eu cassei ele. Só se eu fosse louco de me envolver nisso. Tive 28 anos de Casa, 7 mandatos, nunca tive meu nome envolvido em nada”, rebate o presidente estadual do PL.
Temer queria o impeachment de Dilma – No livro, Cunha conta que Michel Temer, “lutou de todas as maneiras” pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT) quando era vice-presidente da República.
“Temer não só desejava o impeachment como lutou por ele de todas as maneiras […] Ele acha que os outros são idiotas para acreditar na história da carochinha de que não desejava o impeachment nem teria feito nada por isso”, diz Cunha.
Em outro trecho revelado pela Veja, Cunha sugere que a petista era espionada por militares. Ele cita uma viagem que fez ao lado do ex-comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, na qual ele diz ter percebido que o general tinha muitas informações sobre Dilma.
“Ele demonstrava conhecer a rotina do palácio com uma desenvoltura que não seria possível sem fontes internas […] Dilma não sabia, mas era vigiada o tempo todo de dentro do palácio. Até visitas que recebia, telefonemas a que atendia, tudo era do conhecimento dos militares”, alega Cunha, sem apresentar mais indícios.
Cunha está em prisão domiciliar por ser do grupo de riscos da Covid-19. Ele foi condenado a 14 anos e seis meses de prisão por corrupção passiva em irregularidades envolvendo a Petrobras, e está preso preventivamente por lavagem de dinheiro e evasão de divisas por recebimento de propinas em contas mantidas na Suíça.