Surgido na década de 1970, o samba junino já é considerado Patrimônio Cultural de Salvador. O reconhecimento municipal está registrado no Decreto 29.489/2018, publicado no Diário Oficial do Município (DOM) do último dia 8. Para celebrar a ação, a Fundação Gregório de Mattos (FGM) lança o edital Prêmio Samba Junino na próxima terça-feira (20), às 17h, no Espaço Cultural da Barroquinha, no Centro.
O prêmio visa contemplar seis propostas que incentivem o fortalecimento, a manutenção e dinamização do samba junino na capital baiana, além das formas de produção e reprodução, através da realização de ensaios, festivais, concursos, apresentações, “arrastões”, entre outras. Será oferecido um aporte financeiro no valor de R$ 30 mil para cada projeto selecionado.
Conforme descrito no edital, serão priorizadas as propostas oriundas de grupos, federações, entidades e coletivos de samba junino, a serem realizadas nos bairros onde tradicionalmente já acontece a manifestação dessa expressão cultural, em conformidade com o Decreto 29.489/2018. O período de execução dos projetos, incluindo a fase de pré-produção, será entre 1º de junho e 31 de julho deste ano. As inscrições podem ser feitas a partir de segunda-feira (19) até 4 de abril, pelo endereço eletrônico www.premiosambajunino.salvador.ba.gov.br.
Registro e história – Conforme a Lei 8.550/2014, o Registro Especial Cultural é aplicado aos bens culturais de natureza imaterial, inclusive aqueles comumente designados como eventos, passíveis de verificação no plano material por suas práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas, modos de fazer e instrumentos, objetos, artefatos e lugares associados. O registro funciona para o patrimônio imaterial como o tombamento para o patrimônio físico.
A FGM iniciou o processo de registro do samba junino como Patrimônio Imaterial de Salvador em 19 de junho de 2016. Com essa ação, além de valorizar o trabalho dos músicos e grupos, a Fundação colabora com o reconhecimento e organização desse movimento cultural.
De acordo com pesquisas realizadas pela gerente de Patrimônio Cultural da FGM, Magnair Barbosa, o samba junino surgiu em torno das casas de candomblé de Salvador, no bojo da religiosidade popular, presente nos terreiros e em muitas festividades de matriz africana nas festas de caboclo. As manifestações são iniciadas ainda na chamada “queima de Judas”, no sábado de Aleluia, com encerramento nos festejos ao 2 de Julho – incluindo nesse período as rezas direcionadas aos santos juninos: Santo Antônio, São João e São Pedro.
O samba junino representa, então, uma expressão cultural genuinamente soteropolitana, marcado pela rítmica do samba duro, disseminada há pelo menos 40 anos em diversos bairros de Salvador. Serviu como base para o surgimento de estilos musicais contemporâneos como o pagode baiano, além de projetar muitos artistas conhecidos do grande público como Tatau, Reinaldo, Ninha e Márcio Victor. Os bairros tradicionais que realizam os festejos são Engenho Velho de Brotas, Engenho Velho da Federação, Federação, Fazenda Garcia, Tororó e Nordeste de Amaralina.
Foto: Gilucci Augusto/Divulgação