O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, anunciou nesta quinta-feira (5) que cancelou a reunião que aconteceria entre os chefes dos poderes do país. Fux disse que o “pressuposto do diálogo entre os poderes é o respeito mútuo entre as instituições e seus integrantes”.
O anúncio da reunião foi em 12 de julho, quando Fux recebeu o presidente Jair Bolsonaro na sede do STF. O encontro aconteceu depois de repetidos ataques de Bolsonaro aos ministros do STF e ao sistema eleitoral brasileiro.
Nos últimos dias, o clima se agravou com Bolsonaro aumentando o tom de ataques aos ministros e também ao sistema eleitoral. Frequentemente, Bolsonaro tem afirmado que o país pode não ter eleições em 2022, condicionando a realização do pleito ao que ele considera “eleições limpas”.
“O presidente da República tem reiterado ofensas e ataques de inverdades a integrantes desta Corte, em especial os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Mores. Sendo certo que, quando se atinge um dos integrantes, se atinge a Corte por inteiro. Além disso, sua excelência (Bolsonaro) mantém a divulgação de interpretações equivocadas de decisões do plenário bem como insiste em colocar sob suspeição a higidez do processo eleitoral brasileiro”, afirmou Fux hoje.
“Diante dessas circunstâncias, o Supremo Tribunal Federal informa que está cancelada a reunião outrora anunciada entre os chefes de poder, entre eles o presidente da República”, completou.
O ministro diz ainda que para acontecer um “diálogo eficiente” é preciso haver um compromisso “com as próprias palavras”, o que segundo ele não tem sido visto no cenário de agora.
Inquérito – O cancelamento e a fala de Fux são uma resposta aos ataques de Bolsonaro, que chegou a dizer que pode atuar “fora da Constituição”, depois de ser incluído como investigado em um inquérito do STF que investiga disseminação coordenada de notícias falsas.
De acordo com a TV Globo, as falas do presidente foram tema de uma conversa que os ministros tiveram antes da sessão de hoje. O entendimento era de que os ministros deviam fazer uma resposta oficial a Bolsonaro.
Também hoje, o ministro Alexandre de Moraes, que preside o inquérito das fake news, afirmou que não serão “ameaças vazias” que vão impedir o STF de exercer sua missão prevista na Constituição.
“Ameaças vazias e agressões covardes não afastarão o Supremo Tribunal Federal de exercer, com respeito e serenidade, sua missão constitucional de defesa e manutenção da Democracia e do Estado de Direito”, escreveu ele em uma rede social.