Os 10 terreiros de candomblé dos municípios de Cachoeira e São Félix, na região do Recôncavo baiano, reconhecidos como Patrimônio Cultural da Bahia, passam a ser beneficiados pelo Projeto Terreiros Criativos, por meio de parceria entre as secretarias estaduais de Cultura (Secult) e do Turismo (Setur).
O projeto integra o Programa de Fomento e Valorização dos Terreiros Patrimonializados e trabalha com três eixos: a educação (capacitação), o turismo (sinalização) e a comunicação (informação e impressos). A concepção e desenvolvimento tem foco na Economia Criativa voltada à cultura.
“O projeto é inédito e inovador na Bahia, já que até hoje não se tinha implantado um programa de política pública continuada para beneficiar terreiros tombados ou registrados pelo Estado”, afirma o diretor-geral do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), João Carlos de Oliveira. O órgão implanta e desenvolve o projeto.
Segundo João Carlos, os terreiros serão capacitados para ações de receptividade e para aprimorar conhecimentos das culturas de matriz africana, além da educação patrimonial e da preservação cultural.
“Para iniciarmos, teremos um curso com carga horária de 80 horas, distribuídas em três módulos, por período de três meses; o primeiro, sobre Histórias do Brasil e da África; o segundo sobre Turismo e Patrimônio cultura; e o último, a Vivência e Roteirização”, explica Alessandro Simão, presidente da Associação dos Guias e Condutores de Turismo do Vale do Paraguaçu (ACTUP), responsável pela coordenação.
O público-alvo são os integrantes dos 10 terreiros registrados pelo Ipac: ‘Aganjú Didê’ (conhecido como ‘Ici Mimó’), ‘Viva Deus’, ‘Lobanekum’, ‘Lobanekum Filha’, ‘Ogodó Dey’, ‘Ilê Axé Itayle’, ‘Humpame Ayono Huntóloji’ e ‘Dendezeiro Incossi Mukumbi’, em Cachoeira, além de ‘Raiz de Ayrá’ e ‘Ile Axé Ogunjá’ em São Félix.
Os guias e condutores de turismo cadastrados em ambos os municípios podem participar. “Estamos reforçando o papel dos integrantes da ACTUP, no intuito de melhorar e incentivar o turismo na região circunvizinha a partir dos bens culturais existentes”, acrescenta o presidente da associação. Nos cursos do projeto ‘Terreiros Criativos’ serão complementados ainda módulos sobre os monumentos históricos e história do Recôncavo, além de conceitos sobre arquitetura colonial e roteirização turística.
Na última etapa do trabalho, os terreiros vão ganhar sinalização com identificação da historicidade, arquitetura e ‘nação’ a que pertencem, todos em três idiomas (português, inglês e espanhol). O sistema de sinalização obedecerá regras de padrões internacionais. Ainda na área da comunicação, será desenvolvida campanha sobre turismo étnico e produzido material impresso sobre os terreiros com a história, origem e mapa de localização.
Integrando as políticas de apoio aos terreiros, o Ipac já havia lançado um livro e um videodocumentário sobre esses 10 terreiros, entre outras ações pontuais, além de ter liberado recursos para serviços prediais nesses espaços sagrados.
Foto: Lazaro Menezes/GOVBA