Quem disse que sertanejo não combina com crÃtica social? As irmãs Lorena e Rafaela estão aà como caso recente para provar que o gênero mais popular do Brasil — muitas vezes taxado de “alienado” — pode analisar o cenário atual do paÃs.
A música “PolÃticos de Terceiro Mundo”, que viralizou na internet, apresenta uma composição madura sobre a classe polÃtica brasileira e a “vida do justo que não vale nada”. O sucesso já é tanto que a canção foi comparada nas redes sociais a clássicos da Legião Urbana e acabou abraçada até por roqueiros.
“A ideia para escrever esta canção partiu deste momento que dura há tempos no cenário polÃtico atual e nos atinge como cidadãos. Digo da dificuldade que sofrem na pele as famÃlias a terem acesso a uma boa educação e uma saúde de qualidade, que são direitos básicos da população honesta que trabalha e que, mesmo com as dificuldades, pagam suas contas em dia”, diz Lorena, de 16 anos, em entrevista ao UOL.
E não pense que o sertanejo politizado é coisa recente. As meninas reiteram que outras faixas também dialogam sobre a dificuldade das famÃlias e o que anda errado no Brasil, como “Meu PaÃs”, de Zezé Di Camargo e Luciano, e “Mensagem de Amor”, de Milionário e José Rico. “Então no sertanejo também se encontram letras politizadas e, claro, tem espaço para todos os temas”, acrescenta a garota.
“PolÃticos de Terceiro Mundo” ganhou repercussão nas redes sociais e algumas comparações são inevitáveis. Um ano mais velha que a irmã, Lorena fala sobre o apoio de diferentes estilos musicais e tentativas pedidos para regravar a música — a dupla não liberou devido as imposições de condições de exclusividade.
“Nos sentimos muito honradas por essa aceitação que estamos tendo de outras vertentes. E o rock sempre esteve à frente dessas músicas de protesto. Talvez seja essa a fonte da comparação. Mas quero dizer que em todo nosso trabalho sempre tratamos diversos temas, dentre eles a crÃtica social”.