O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou pela primeira vez que se considera um presidenciável para as eleições de 2018. Em entrevista para revista Veja desta semana, ao ser questionado, o ministro respondeu: “Sim, sou presidenciável. As pessoas falam comigo, me procuram, mas ninguém me cobra uma definição. No mundo político, por exemplo, dizem o seguinte: o senhor tem o meu apoio, estou torcendo para isso”.
Por lei, o ministro precisa tomar a decisão de ser candidato à presidência da República até o fim de março do próximo ano e lembrou que a situação não é totalmente inédita. “Eu já vivi essa questão em 2010. Estava no Banco Central, e o presidente Lula me procurou várias vezes, porque queria que eu tentasse ser candidato a vice-presidente. Ele insistiu muito. A própria candidata Dilma gostou da ideia. Então, tive de tomar essa decisão e tomei literalmente no dia 31 de março.
O eleitorado conhece menos Meirelles do que os demais pré-candidatos na disputa, o que aumenta a dificuldade da decisão, segundo o ministro. Ele, porém, não se preocupa com o fato da candidatura não ir para frente. “Acho que eleição você disputa para ganhar ou perder. É normal. O Lula tinha perdido três eleições antes de ganhar. Isso não foi demérito. O Geraldo Alckmin já perdeu também. E está aí empolgado para ser candidato.”
Na entrevista, o ministro também avaliou as eventuais candidaturas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do deputado Jair Bolsonaro como fenômeno natural. A candidatura do Lula não é uma novidade nos últimos 30 anos. O Lula é relevante há muito tempo e é legítima a posição dele. Trabalhamos juntos, discordamos um do outro muitas vezes, mas ele tem a posição dele e o eleitorado dele. É correto que exista essa posição no Brasil, que eu nem chamo de esquerda, chamo de trabalhista. E tem o Bolsonaro, que é o surgimento da direita no Brasil, que cedo ou tarde iria ocorrer. Mas tem um caráter surpreendente. O fato de surgir um candidato de direita é absolutamente previsível, todo pais tem, o que é surpreendente é que o Bolsonaro é um ex-militar que defende o regime militar.
Meirelles falou ainda da eventual interferência da melhora da econômica sobre a manutenção do governo Temer. Questionado se “a economia salvou o mandato do presidente”, o ministro da Fazenda avalia que “não há dúvida de que a economia foi fundamental”. Ele ressaltou também que não há dúvida de que todos os problemas do governo passado e a causa importante para o impeachment da Dilma foi a recessão. “A recuperação da economia é importante em qualquer lugar do mundo.”
Após a publicação da entrevista, de acordo com o site Poder360, o ministro tentou minimizar a afirmação: “O ministro da Fazenda não afirmou que é presidenciável. Ao ser perguntando se ele tinha consciência de que era um presidenciável, o ministro disse que sim porque muitas pessoas o procuram e dizem que o apoiam ou que consideram que ele poderia concorrer.”