19 de abril de 2024
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Empresária baiana fatura R$ 10 mil por mês com marquinhas de biquíni na laje

Empresária baiana fatura R$ 10 mil por mês com marquinhas de biquíni na laje

“Vá. Eu fico aqui, dessa porta pra frente só entra mulher”, diz Fábio Magalhães conduzindo a reportagem a uma portinha discreta que acessa uma laje. O lugar, de frente para a praia da Boca do Rio, tem cerca de 100 metros quadrados e dez macas de madeira espalhadas. Em cima delas, mulheres seminuas: jovens, cinquentonas, tatuadas, de bunda para cima e para baixo.

Em comum, todas usam um biquíni inusitado, feito de fita isolante branca. O objetivo de todas elas é tatuar no corpo a marquinha de biquíni perfeita. O serviço é oferecido por Alexandra Melo, que viu na venda da marquinha de biquíni uma oportunidade para empreender. Ela diz faturar R$ 10 mil por mês com o negócio.

O empreendimento funciona desde fevereiro. Para abrir as portas, Alexandra – que, pasmem, está com a marquinha desbotada – diz que uniu os seus conhecimentos de esteticista com o dinheiro que tinha sobrando e a carência que viu no mercado de bronzeamento local. Perguntada sobre o surgimento da técnica, ela acessa o seu acervo mental de historiadora – ela também é servidora pública – e diz que as lendas são muitas, mas que, pelo que estudou, o ‘bronze natural’ saiu de Goiás, estado que não tem litoral. A fita isolante foi ideia das cariocas. Mas, em Salvador, por que isso daria certo, ainda mais de frente pro mar?

“Se você for à praia, vai usar o biquíni de pano e ele passa o calor através da própria fibra, o que dificilmente vai deixar a marca certinha”, explica.

As malandras – Na sexta-feira (10), os totens espalhados por Salvador diziam que a temperatura ia de 30° a 35°. Na laje de Alexandra, a costureira Zilva Pinheiro, 55 anos, chamava a assistente de bronze com frequência.

Rose Santana, 29, sempre chegava coberta da cabeça aos pés – ela não é nada fã do sol – com uma água, suquinho, ou com uma demão de parafina bronzeadora com urucum, chocolate, canela ou amêndoa. Zilva foi de ‘bonde’ com duas amigas e estava ouriçada depois de ganhar uma cor. “Eu era branquinha, vou lá no espelho olhar como ficou”, disse e correu com o seu biquíni fio- dental.

Os modelos de marquinha vão além do à la carte (tradicional e cortininha). Se a cliente estiver saudosista dos anos 80 e quiser um asa-delta, por exemplo, é só levar o biquíni de pano que Alexandra faz com fita no tamanho certinho. Os preços são fixos para os formatos, mas mudam de acordo com o dia da semana. De segunda a sábado, a sessão custa R$ 80; aos domingos e feriados, R$ 100, e na quarta fica por R$ 60. Se quiser fechar o pacote de três sessões, a cliente tem desconto e paga R$ 180.

Foi o que fez Leila Reis, 30. Ela saiu do Cabula para a sua primeira sessão de bronze natural e, por gostar do resultado, já reservou mais duas idas. “Eu fiquei 1 hora e estou com marquinha. Se eu for na praia, passo dois dias e não fico”, fala. Alexandra explica que como a pele da enfermeira é clara, 1 hora e 10 é o tempo ideal de bronzeamento, mas tem algumas clientes que já “ficam top” só com uma sessão.

As horas de bunda para cima também dependem do clima na cidade. Para não ter erro, depois que a cliente faz o agendamento, a personal bronzer liga na manhã programada e diz “pode vir” se o céu estiver aberto. Se a chuva for anunciada, ela deixa a cliente em espera. Se uma nuvem aparece no meio da sessão, a cliente espera pois só sai de lá bronzeada.




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