Wagner Moura sabe que o tema que escolheu para seu primeiro filme como diretor será visto como um manifesto político de um ator associado a uma ideologia de esquerda. Mas ele não se importa, pelo contrário: “A gente tem que sair das cordas e partir para o ataque”, diz.
“Fazer um filme sobre Marighella no Brasil de 2017 não é uma coisa simples. Não apenas eu, qualquer pessoa que entra no filme tem uma vontade de falar de resistência. De falar não do Brasil de 64, mas do Brasil de agora.”
O ataque começa neste domingo (02), dia do início das filmagens de “Marighella”, longa-metragem sobre o guerrilheiro baiano Carlos Marighella. Produzido pela O2, o filme vai acompanhar a vida de Marighella entre 1964 e 1969, até sua morte por policiais numa emboscada em São Paulo.
Desde então, Marighella é lembrado por um lado como um símbolo de resistência; e, por outro, como um terrorista que aderiu à luta armada contra a ditadura. O personagem será vivido por Seu Jorge, num elenco que terá ainda Adriana Esteves e Bruno Gagliasso, entre outros.
Em entrevista ao jornal O Globo, Wagner explica que pretende que seu “Marighella” seja mais sobre os dias de hoje do que sobre o passado.
“Eu comecei com essa história no início de 2013. É um projeto que transcende o cinema, porque fazer um filme sobre Marighella no Brasil de 2017 não é uma coisa simples. Não apenas eu, qualquer pessoa que entra no filme tem uma vontade de falar de resistência. De falar não do Brasil de 64, mas do Brasil de agora. É disso que a gente vai falar, a gente vai falar de pessoas que resolveram resistir, resolveram dizer que não estavam a fim de se submeter. Todos os envolvidos sabem que não estão fazendo simplesmente um filme, é uma obra que cata o zeitgeist e que enfrentará muita resistência”.