Não quero virar estátua de areia… Por isso desliguei a televisão e bloqueei todos os vídeos do carnaval de Salvador no zap. Embora não tenha conseguido me picar da capital baiana neste carnaval de Sodoma e Gomorra, de casa não saí. Valeu a pena! Liguei o rádio e ouvi a volta de Marcelo Nova ao rádio.
Marceleza estreou na Rádio Globo, na última sexta-feira (09), às 22 horas daqui. Dava pra pegar pelo computador ou smartphone no site da emissora (clique aqui). Preferi meu velho Sony ICF – 6800W, sintonizado no tradicional 1220 KHz, em ondas médias, AM.
Não teve estática certa para atrapalhar a audição do programa. Com a propagação aberta, me deleitei com a seleção de canções feita pelo líder do Camisa de Vênus. Nada do trivial feijão com arroz.
Marcelo Nova é um “chef” consagrado. Sabe como ninguém criar pratos musicais com sequências inovadoras e incomparáveis. E ainda salpicados com o tempero de sua verve misturada ao seu enciclopédico conhecimento musical.
“Aficcionado, pesquisador, colecionador, maluco inveterado”, como me disse ao telefone algumas horas antes de o programa ir ao ar, Marcelo surpreende sempre. Generoso, compartilha com a gente as pepitas que garimpa.
Neste primeiro programa, Gregg Allman, Greta Van Fleet, Beth Hard e Joe Bonamassa, Catherine Russell, The Jam, The Clash e The Rolling Stones formaram o play list. Para cada um deles uma apresentação informativa e bem humorada ao jeito de Marceleza.
Talvez quem ouviu ou ouça o “Em Cartaz”, com Marcelo Nova, possa achar que seja a mesma coisa de outros programas de rádio feitos por ele. Não. Dessa vez o apresentador evita criar um personagem imaginário, como foi Lampadinha no Rock Special ou Alatalico no Let’s Rock. Prefere falar direto com o ouvinte.
Na verdade, o rádio é o veículo mais simples que existe. Não há necessidade de grandes produções para se fazer um bom programa radiofônico. Marcelo aposta nessa simplicidade. É ele e os discos. Basta.
E ele não esconde a paixão pelo sem-fio, repete uma expressão comum no meio com uma alteração: “Fazer rádio é um uísque”, diz, substituindo a bebida da frase, que seria cachaça. Vai até mais longe: “Gosto de rádio na proporção de que não gosto de TV”.
Como me antecipara, ele mudou o tom. Diferente das experiências anteriores, “não é putaria nem barulheira”. O que é, então, Marcelo? “É categoria”. Não tinha ouvido o programa ainda. Fiquei curioso. Provoquei nele uma imagem do futebol. Qual jogador expressaria essa “categoria”?
“Baiaco!”. Direto e objetivo. A primeira interpretação mesmo para quem conheceu esse grande jogador do Bahia era de que o sarcasmo de Marceleza entrava em ação. A mente dele volta ao passado num átimo de segundo. Lembra-se das idas com o pai aos jogos do Esquadrão de Aço.
“Baiaco não deixava Pelé nem Tostão jogar quando enfrentavam o Bahia. E esses dois craques o elogiavam ao termino das partidas”. Sim, o filho do Dr. Nova exemplificou bem a categoria de seu novo programa. Um médio volante que marca dois fenômenos do futebol sem bater e os anula no jogo, só pode ser categoria.
Pacheco Maia é jornalista.