s advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentaram ao juiz Sergio Moro nova contestação sobre o uso de informações do sistema MyWebDay como prova na ação que envolve supostos benefÃcios pagos pela Odebrecht. Eles pedem, agora, que seja dado à defesa o mesmo tempo de análise usado pela PolÃcia Federal, que já chega a 100 dias, envolvendo o trabalho de 10 peritos federais e dois assistentes da empreiteira. O argumento é o da “paridade de armas”. O juiz havia dado 10 dias para que peritos indicados pela defesa de Lula analisassem o material.
O pedido da defesa de Lula, se aceito, pode protelar a sentença, que poderia ser promulgada ainda em março. O processo está em fase final e aguarda apenas os resultados das perÃcias para que seja finalizado.
“Diante dessa situação, é evidente que o prazo de 10 dias anteriormente concedido para que os dois assistentes técnicos indicados pela defesa possam analisar o material periciado e apresentar parecer técnico são insuficientes para essa finalidade”, afirmam os advogados, em petição apresentada a Moro.
O Ministério Público Federal argumentou, na acusação, que a Odebrecht pagou R$ 12 milhões por um prédio destinado ao Instituto Lula — nunca utilizado pela entidade, que se mantém na antiga sede — e R$ 500 mil pela cobertura vizinha à do ex-presidente. O dinheiro teria saÃdo da conta de propina mantida pela empresa.
Os advogados de Lula argumentam que o apartamento era alugado, mas Glaucos Costamarques, proprietário do imóvel, diz que nunca recebeu qualquer valor, embora tenha assinado recibos. Os procuradores acreditam que Costamarques tenha sido “laranja” na operação de ocultação da propriedade. Agora, querem provar que Lula nunca constou como beneficiário de pagamentos ilÃcitos nos sistemas da Odebrecht, seja o MyWebDay, que alimentava e controlava os dados financeiros da contabilidade paralela ou o Drousys, utilizado para a comunicação entre os envolvidos nas transações.
A defesa do ex-presidente afirma que Paulo Sérgio da Rocha Soares, criador do Drousys, em depoimento prestado em dezembro passado, disse que os usuários poderiam alterar ou excluir informações e que o advogado Rodrigo Tacla Duran, ouvido pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito criada para investigar irregularidades do grupo J&F, afirmou que o sistema foi manipulado e adulterado “antes, durante e depois de seu bloqueio pelas autoridades suÃças”.
Os advogados querem ainda suspender a perÃcia nos sistemas enquanto o Ministério Público Federal não explicar se está ou não acompanhando os trabalhos da PF. Isso porque Moro havia determinado que nem a defesa, nem o MPF, acompanhariam a perÃcia dos agentes federais. Em reportagem publicada pelo GLOBO em 29 de janeiro passado, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou que “o sistema está criptografado com duas chaves perdidas, não houve meio de recuperar”.
A defesa de Lula quer saber como e quando o procurador teve acesso à informação de que a PF não teria conseguido acessar o sistema, já que o MPF estaria proibido de participar da perÃcia por determinação de Moro.
No decorrer da ação, o MPF chegou a negar que tivesse a cópia dos sistemas da empreiteira, que consta no acordo de leniência assinado pela empresa.