Mulheres ligadas à Agricultura Familiar e empreendedoras que atuam em diversos ramos de produção alimentícia formam o grupo de 30 mulheres que participam do curso de qualificação profissional em confeitaria, que está sendo ofertado pela Fábrica-Escola do Chocolate, no Centro Territorial de Educação Profissional do Baixo Sul (Cetep), em Gandu. As aulas, que prosseguem até julho, são ministradas por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), na modalidade Formação Inicial e Continuada (FIC).
Para as participantes, o curso é uma oportunidade de aprenderem uma profissão e se inserirem no mundo do trabalho. A perspectiva é que a ação contribua para que se tornem empreendedoras, utilizando o chocolate como base de diferentes receitas. A dona de casa Leidiane Souza, 35 anos, é uma das cursistas que todas as quartas, quintas e sextas, das 13h às 17h30, tem um compromisso com a sua formação. “Estou muito feliz pela chance de obter novos conhecimentos, que certamente vão contribuir para o meu futuro profissional. Chego a ficar emocionada, sem palavras, com o que estou vivendo, que é o recomeço de um sonho: abrir um pequeno comércio para vender meus doces”, relata.
Meiriane de Jesus, 26 anos, aluna do curso técnico em Administração do Cetep Baixo Sul, que também participa do curso de qualificação em confeitaria, fala de seus objetivos com a capacitação. “Sempre tenho vontade de aprender mais e mais. Quando surgiu a oportunidade desta formação, vi nela uma ponte para o meu ingresso no mercado de trabalho e o meu plano é entrar na área de venda de alimentos. Então, acredito que esta certificação vai me trazer novas aprendizagens e me abrir portas”, diz.
Empreendedorismo – A nutricionista Verônica Roseira, coordenadora do Pronatec Baixo Sul e responsável pelo curso de confeitaria, explica que a iniciativa da capacitação surgiu da Secretaria da Educação do Estado, com o objetivo de oportunizar uma formação na área de empreendedorismo a esse público. “São pessoas, na sua maioria, que estão fora do mercado há um tempo e sonham com uma recolocação. Elas estão tendo uma chance de ganhar novos conhecimentos a partir de uma grade curricular que contempla questões como cuidados com higiene pessoal e vestimentas, saúde da mulher e história do chocolate, entre outros temas”. Tendo o chocolate como base, completa, as cursistas aprendem, na prática, não só a confeitar bolos, como fazer ovo de Páscoa e sequilhos, trabalhar com cobertura de chocolate em pães e outras opções de uso da matéria-prima.
O superintendente da Educação Profissional e Tecnológica do Estado, Durval Libânio Netto, fala sobre a relação da Fábrica-Escola de Chocolate com a comunidade do entorno e como o curso de Confeitaria poderá contribuir para o empoderamento das mulheres da região. “O curso é extremamente importante para o Sul da Bahia no sentido de superar a condição de região produtora de matéria-prima para uma região que produz chocolate, agregando valores e desenvolvendo produtos não só oriundos do cacau, mas também banana, graviola, leite. É uma revolução do ponto de vista de mudança de fatores da economia. Além disto, o curso está proporcionando a emancipação da mulher da região cacaueira, que sempre teve um papel secundário e, muitas vezes, um trabalho degradante. Esta é uma oportunidade para elas se tornarem microempresárias nessa área”, relata o gestor, anunciando para breve um novo curso voltado para a confecção artesanal de Ovo da Páscoa.
Capacitação – Implantada no Cetep Baixo Sul em outubro de 2017, pela Secretaria da Educação do Estado da Bahia, a Fábrica-Escola de Chocolate funciona como laboratório para que os estudantes técnicos de nível médio tenham aulas práticas, desenvolvam projetos e pesquisas, realizando intervenções sociais para o aperfeiçoamento da formação profissional. Atualmente, a fábrica tem sido utilizada pelos estudantes do curso de Nutrição e Dietética do Cetep do Baixo Sul para aulas práticas. Toda a estrutura do espaço fica aberta à comunidade local para a capacitação e certificação de trabalhadores, assim como, para incubação, pré-incubação e aceleração de empreendimentos.