Diante da grande quantidade de críticas ao atual modelo do Carnaval de Salvador, apresentadas pelos representantes dos empresários que atuam na festa à Comissão Especial do Carnaval, em reunião na tarde desta terça-feira (13), na Câmara Municipal, o segmento será ouvido em novo encontro agendada para o dia 27 de março, das 10 às 12 horas. O objetivo, segundo o presidente do colegiado, vereador Moisés Rocha (PT), é aprofundar o debate e encontrar soluções para evitar, entre outras coisas, a perda de atrações para outros municípios.
Geraldo Albuquerque (Tinho), diretor da Central do Carnaval e do Bloco Camaleão, Washington Paganelli, do bloco As Muquiranas, e Paulo Góes, do setor de camarotes, falaram sobre os prejuízos causados ao segmento por conta do chamado “bloco independente”, atrações pagas pela prefeitura ou governo estadual. Segundo levantamento apresentado por eles, 30 trios foram bancados este ano para o “Carnaval pipoca”.
“Precisamos encontrar uma fórmula para estancar a sangria, estão demonizando os blocos. Nós pagamos 200 mil taxas e no final ainda temos prejuízos”, denunciou Tinho, frisando que muitos artistas estão preferindo negociar cachês públicos e reduzir o número de dias de desfile na capital baiana. Segundo ele, só os grandes blocos, que conseguem atrair patrocínio privado, ainda podem viabilizar o desfile.
É o caso do bloco As Muquiranas, mas que mesmo assim, como frisou Paganelli, chegou ao mês de dezembro só com 20% vendido: “Temos que repensar o Carnaval, valorizar os blocos, nós geramos renda, empregos temporários, temos que produzir fantasias com antecedência”. Paulo Góes chamou atenção para a concorrência de outros municípios, como Belo Horizonte e a capital paulista, onde o prefeito João Dória tem investido pesado para fazer “o melhor Carnaval do Brasil”. A política do carnaval sem cordas, segundo ele, não passa de “discurso bonito”.
O vereador Moisés Rocha também se mostrou preocupado com a possibilidade de “extermínio dos blocos e, consequentemente, dos camarotes”, caso o modelo da festa não seja reavaliado.
Henrique Carballal (PV), que é líder do prefeito na Câmara, ressaltou o fato da Lei Orgânica do Município estar sendo revista este ano, o que inclui a discussão sobre o Conselho do Carnaval, se será consultivo ou deliberativo. “Vamos sair da retórica e de fato ousar, alterar o Carnaval de forma legal. Os blocos são um patrimônio da nossa cidade e estão sendo destruídos por discurso demagógico. Nada menos que 70 mil cordeiros perderam seus empregos, mesmo que temporários, este ano”, declarou.
Kiki Bispo (PTB), Suíca (PT) e Duda Sanches (DEM) também demonstraram preocupação com os prejuízos ao segmento provocados pelo atual modelo. E defenderam que os empresários apontem prioridades e soluções para o próximo debate promovido pelo colegiado.
Foto: Antonio Queirós/CMS