19 de maio de 2024
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Incra lançará editais com 950 lotes para assentamento rural na Bahia

Incra lançará editais com 950 lotes para assentamento rural na Bahia

Após ficar cerca de dois anos sem inserir novos beneficiários para aquisição de lote em assentamentos rurais, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) anunciou que, a partir de maio, lançará editais para inscrição de novas famílias. O jornal A Tarde informa que, na Bahia, serão destinados 950 lotes que deverão estar ocupados até setembro deste ano, segundo previsão do órgão.

Em todo o país, serão 12 mil lotes em 200 assentamentos. Os trâmites e a operacionalização desse novo processo estão sendo discutidos entre a direção da autarquia e 30 superintendentes regionais em um encontro realizado, nesta quinta-feira (5) e sexta (6), em Salvador, no Hotel Fiesta, para alinhamento estratégico do órgão federal para 2018.

Um assentamento rural, segundo informações do Incra, é formado por um conjunto de unidades agrícolas independentes entre si e instaladas pelo órgão. Cada uma das unidades é chamada de lote e é entregue a uma família sem condições econômicas para adquirir e manter um imóvel.

Os trabalhadores rurais que recebem o lote precisam morar na parcela concedida e explorá-la para seu sustento, utilizando exclusivamente a mão de obra familiar. Eles contam, ainda, com créditos, assistência técnica, infraestrutura e outros benefícios de apoio.

Interrupção – No entanto, há quase dois anos esse processo da reforma agrária estava suspenso. O presidente do Incra, Leonardo Góes, afirmou que a interrupção ocorreu devido a um acórdão publicado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em abril de 2016. No documento, o órgão federal apontava “indícios de irregularidades” em cerca de 600 mil casos.

O número de indícios representava mais da metade do total de famílias assentadas em todo o país – atualmente há 973.610 famílias que vivem em assentamentos e áreas reformadas. Na Bahia, há 48 mil famílias que vivem em 668 projetos de assentamento do Incra.

“São 12 mil lotes já aptos. São áreas que o Incra já tinha adquirido, mas, por conta do acórdão e da ausência de regulamentação, a gente não podia fazer novos assentamentos. A gente criava, mas não podia selecionar novas famílias”, ressaltou o presidente da autarquia.

Góes contou que, entre as irregularidades apontadas, havia casos de funcionários públicos e portadores de mandado eletivo, entre outros. Com o acórdão, houve o bloqueio de inserção de novas famílias no Programa Nacional de Reforma Agrária (PNRA) e de créditos para as que já estavam inseridas.

De abril a outubro de 2016, o Incra preparou um plano de providências que apurava os indícios e atendia às recomendações feitas pelo TCU. “Conseguimos desbloquear quase 80%. O TCU havia feito um cruzamento de dados. Uma coisa é a condição para o assentado ingressar no lote. Tem que ter uma renda inferior a três salários mínimos. Tem que ter uma atividade rural. Mas isso não é uma condição da permanência. O indivíduo pode progredir”, destacou.

Para o restante dos casos, onde os indícios eram mais fortes, foi apresentado um plano de apuração in loco. Já em setembro de 2017, um novo acórdão do TCU tirou o efeito suspensivo sobre a política.

“Ele permitiu ao Incra voltar a fazer seleção de novas famílias. E isso condicionado a uma regra de cadastro mais transparente, participativa, que foi fruto do decreto que regulamentou a lei 13.365”, acrescentou.

Na Bahia, a previsão do presidente do Incra é que, até setembro deste ano, estejam assentadas todas as famílias dos 950 lotes que estão sendo disponibilizados. Deles, 470 são novos de fazendas desapropriadas e compradas e outros 480 são resultados de uma fiscalização feita pelo Incra relacionada a irregularidades.

Segundo Góes, as regiões baianas onde há mais demanda estão localizadas na Chapada Diamantina e no extremo sul. Ele reconhece, no entanto, que o quantitativo disponibilizado não é suficiente para atender à demanda.

“Os movimentos sociais falam em um número muito maior. A gente estima que tenha cerca de 5,6 mil acampados ou trabalhadores assentados esperando por acesso à terra, mas existem outras políticas de acesso, como o crédito fundiário. No país, os movimentos sociais falam em 90 mil pessoas”.

Críticas – O órgão foi alvo de críticas por ter ficado quase dois anos sem dar andamento à política de reforma agrária. “Sofremos críticas, cobranças dos movimentos sociais. Mas, ao mesmo tempo, a compreensão de que não era uma decisão de governo”.

A estimativa dada por Góes diverge dos dados do Movimento Sem-Terra (MST). De acordo com uma das integrantes da direção nacional da entidade, há, na Bahia, 25 mil famílias acampadas somente no MST.

“Inserir novas famílias é fundamental. É o primeiro passo. No entanto, se isso não vier somado com orçamento para desapropriar terras para fazer novos assentamentos, não resolve. É preciso um quantitativo maior de lotes”, ressaltou.




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