22 de novembro de 2024
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Fenaclubes gasta R$ 2,5 milhões da Timemania em congressos e concurso de musa

Fenaclubes gasta R$ 2,5 milhões da Timemania em congressos e concurso de musa

O jornalista Demétrio Vecchioli publicou matéria no Portal UOL nesta quinta-feira (19) denunciando a destinação dos R$ 2,5 milhões repassados pela Timemania da Caixa Econômica Federal à Confederação Nacional dos Clubes (Fenaclubes).

Segundo Vecchioli, o sindicato dos clubes há quatro anos vem gastando todo o dinheiro federal destinado a ele, mais de R$ 2,5 mi ao ano, em oito dias anuais de congressos, com direito a jantares de gala, concursos de musas e sorteio de viagens internacionais aos cartolas. Tudo isso com dinheiro que, em tese, deveria servir para fomentar o esporte ou para formar dirigentes esportivos mais capacitados. O Ministério do Esporte, que apertou o certo contra o COB e passou a exigir um relatório de gastos detalhados dos comitês, não tem nenhum mecanismo para fiscalizar ou ao menos regulamentar como o sindicato investe o que recebe da mesma fonte. Líderes dos clubes, o Pinheiros se negou a comentar a situação, enquanto o Minas Tênis Clube disse que “não coaduna com ações que divergem do desenvolvimento do desporto nacional”.

Só no ano passado, a pouco conhecida Federação Nacional dos Clubes Esportivos (Fenaclubes) gastou R$ 2,5 milhões em verbas públicas na realização de dois congressos, um por semestre. Ainda que apenas 54 clubes tenham participado da última assembleia, um somatório de 1.553 pessoas, segundo o sindicato, teriam estado presentes nos dois congressos. Isso significa um custo de R$ 1,6 mil por cabeça, sem contar transporte (por conta) e o investido em shows de artistas do porte de Zeca Pagodinho e Zezé di Camargo & Luciano, donos de dois dos maiores cachês do país. Como comparação, a inscrição para o Congresso Brasileiro de Gestão do Esporte do ano passado custava R$ 300, para três dias de eventos e 13 programações de capacitação – contra seis do congresso dos clubes, em quatro dias.

Responsável por destinar os recursos, arrecadados pela Timemania, o Ministério do Esporte não fiscaliza a aplicação do dinheiro. Um privilégio que não têm o Comitê Olímpico (COB), o Paraolímpico (CPB) e o Brasileiro de Clubes (CBC), que recebem recursos por mecanismo semelhante e precisam ter suas contas votadas no Conselho Nacional do Esporte. A Fenaclubes sequer publica um balanço financeiro auditado em seu site.

Congresso – Na semana que vem, durante os quatro dias do feriadão do Dia do Trabalho, o primeiro congresso do ano será em Campinas, cidade-sede da entidade, mais exatamente no Hotel Royal Palm Plaza. Em um só contrato, o sindicato vai pagar R$ 826 mil à rede de hotéis. Já havia sido assim no ano passado, quando cada um dos 750 participantes, que não necessariamente ficaram três diárias (a primeira delas é restrita a alguns cartolas), custou R$ 600 aos cofres públicos em alimentação – sem contar bebidas. No segundo semestre, em novembro, vai acontecer outro congresso, esse no Windsor Barra, no Rio. Mais R$ 723 mil, pagos com recursos federais.

No primeiro semestre de 2017, só uma palestra do velejador Amyr Klink custou mais de R$ 21 mil. Já a empresa responsável por montar palco e iluminação recebeu outros R$ 118 mil – não há informações no site sobre como se deu a escolha pela empresa contratada, que é da Paraíba. Somando tudo, um congresso de quatro dias (três diárias) saiu por R$ 1,3 milhão para os cofres públicos. Valor semelhante foi gasto no segundo semestre, para um total de R$ 2,565 milhões em congressos no ano passado.

Como comparação, da mesma fonte de recursos (repasses de loteria federal), a Confederação Brasileira de Remo terá R$ 2,1 milhões em 2018. As confederações de tiro com arco, esgrima, ciclismo, desportos na neve, golfe, tênis de mesa, badminton, rúgbi, triatlo, hóquei sobre a grama, basquete, desportos no gelo, escalada, beisebol, skate, surfe e karatê também têm orçamento menor, para toda a temporada 2018, do que o gasto com os congressos dos clubes.




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