Quando já tinha passado dos 70 e poucos, Ziraldo decidiu que era hora de encarar um novo e longo projeto. Aquela seria uma forma de negociar com a morte e, quem sabe, garantir mais alguns anos de vida. Deu certo. Hoje o cartunista e escritor está com 85 anos e a empreitada que iniciou em 2006 finalmente chega ao fim. Com o lançamento de “O Menino D’Água e o Planeta Netuno”, “Menino de Júpiter – O Maior Menino do Mundo” e “As Cores do Escuro e os Menino de Plutão”, a série “Os Meninos dos Planetas”, publicada pela Melhoramentos, está completa.
Ao longo dos dez livros da coleção – um para cada planeta do Sistema Solar “clássico” e outro para a Lua -, Ziraldo criou personagens cujas personalidades são inspiradas nos corpos celestes que habitam. Em “O Menino da Terra”, por exemplo, o protagonista precisa lidar com questões relacionadas ao nosso futuro caso não cuidemos melhor de onde vivemos. Já em “Nino, o Menino de Saturno”, um garotinho que surfa pelos famosos anéis se envolve numa jornada que lhe apresentará nomes consagrados das artes plásticas, como Matisse, Picasso e Miró. Aliás, introdução de grandes personalidades às crianças é um dos objetivos de Ziraldo com a série, tanto que ainda aparecem nos volumes referências a Carlos Drummond de Andrade, Fernando Pessoal, William Shakespeare e Albert Einstein.
Em “Ju, o Menino de Júpiter” mais um grande nome das letras é apresentado aos leitores de Ziraldo: o espanhol Miguel de Cervantes. Na história, o protagonista é convidado a buscar por um canto inexplorado do espaço. Para tal, conta com uma poderosa espaçonave, batizada de Rocinante, o mesmo nome do cavalo que leva Dom Quixote para as aventuras que fizeram dele um dos principais personagens da história da literatura.
“O Menino D’Água e o Planeta Netuno”, por sua vez, traz uma narrativa inspirada nos mitológicos argonautas. Já “As Cores do Escuro e os Meninos de Plutão” brinca com o fato de, na obra, Plutão ser um planeta não banhado pela luz solar, que vive na completa escuridão – uma escuridão colorida, segundo os garotos que lá habitam.
Importante ressaltar que em 2006, quando Ziraldo publicou o primeiro livro da série, Plutão ainda era considerado um planeta. Naquele ano, no entanto, foi rebaixado à condição de “planeta anão”, categoria à qual também pertencem Haumea, Makemake, Ceres e Éris.
Em 2015 eu conversei com Ziraldo sobre a série, outros trabalhos e o momento político do país. O papo rendeu uma matéria e esses dois vídeos: