24 de novembro de 2024
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Vereadores de Salvador prestam homenagem ao legado de Mestre King

Vereadores de Salvador prestam homenagem ao legado de Mestre King

Música e dança marcaram a homenagem que a Câmara Municipal de Salvador fez, na noite desta quarta-feira (2), a Raimundo Bispo dos Santos, o Mestre King, pioneiro da dança afro na Bahia e no Brasil. O professor e coreógrafo morreu em janeiro deste ano e seu legado foi destaque na sessão especial presidida pelo vereador Sílvio Humberto (PSB), no Plenário Cosme de Farias.

A homenagem ao coreógrafo foi aberta pelo Coral do Mosteiro de São Bento, grupo do qual foi integrante por 10 anos. “Para Mestre King a dança era muito mais que o movimento do corpo. Numa cidade segregada como Salvador, ele abriu a oportunidade da dança como trabalho para os homens. Se hoje temos resistência ao homem na dança, imagine na década de 70. Raimundo dos Santos batalhou muito até ser King”, disse Sílvio Humberto.

Mestre King foi o primeiro homem da América Latina a ingressar numa faculdade de Dança. Ele foi aprovado, em 1976, para o curso de licenciatura em Dança pela Universidade Federal da Bahia (Ufba). Em 1989, concluiu a especialização em Coreografia, na mesma universidade.

Na Escola de Dança, Mestre King aprendeu a técnica necessária para desenvolver um gênero autoral, feito que ele negava. “Não criei nada. Tudo está aí, as pessoas é que transformam. Eu só misturei dança moderna, contemporânea, maculelê e capoeira. A dança afro é a energia cósmica dos atabaques”, afirmava o coreógrafo.

Educador – Aluna do Grupo Folclórico do Serviço Social do Comércio (Sesc), e hoje responsável pelo Núcleo de Apoio Técnico e Extensão da Escola de dança da Ufba, Tânia Bispo, destacou a importância do homenageado como educador. “King foi meu primeiro professor de dança. Desses primeiros passos me tornei a profissional que sou hoje. Ele desenvolveu um trabalho educacional e social e seu legado está presente em cada corpo que dança na Bahia”, afirmou Tânia.

O homenageado foi responsável pela formação dos principais nomes da dança afro na Bahia, como Zebrinha, Augusto Omolu, Armando Pequeno e Paco Gomes. “King foi um grande educador. Ele incentivava todos os seus alunos a irem para a universidade e os estimulava a dançar em outros grupos. Sempre destacou a importância da escola forma e da pesquisa para o desenvolvimento da dança”, destacou a coreógrafa Lia Robatto. Nos últimos anos de carreira, o homenageado dava aulas em comunidades carentes. Ele dizia que “a carência dá a vontade que gera os verdadeiros talentos”.

Autor de mais de 100 coreografias, Mestre King foi homenageado com a apresentação de um trecho de Opaxorô, um dos espetáculos mais importantes e emblemáticos da sua carreira, dirigido e coreografado por ele. Opaxorô é uma narrativa coreográfica que conta a história da viagem de Oxalá para terra de Oyó ou terra de Xangô.

Pai de Fábio Alexandro e Felipe, Mestre King deixou para os filhos o amor pela arte. Para homenageá-lo, o músico Fábio Alexandro executou o Hino ao Senhor do Bonfim no berimbau. “A brasilidade é o maior legado do meu pai. Ele levou a arte do Brasil para o mundo. É uma grande emoção estar aqui hoje o homenageando e vendo tantas pessoas queridas reunidas”, pontuou Fábio.

“Ele não falava inglês e eu não falava português. Nossos primeiros diálogos foram com o corpo. Isso eu consegui com Mestre King e pudemos desenvolver um trabalho lindo juntos”, contou o líder o pesquisador Clyde Morgan.

Além dos já citados, a mesa da sessão especial contou com a participação do diretor do Centro de formação em Artes da Fundação Cultural da Bahia (Funceb), Jacson Espírito Santo, o coreográfo Jorge Silva e o dançarino e líder do Gupo Explosion Dance, Jhunner Luz.

Foto: Antonio Queirós/CMS




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