23 de abril de 2024
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Brasileira estudante de Medicina é assassinada na Nicarágua

Brasileira estudante de Medicina é assassinada na Nicarágua

A estudante brasileira Raynéia Gabrielle Lima, de 30 anos, foi morta nesta segunda-feira (23) no sul da capital da Nicarágua, onde cursava medicina. Segundo Ernesto Medina, reitor da Universidade Americana em Manágua (UAM), Raynéia morreu após ser atingida por tiros disparados por “um grupo de paramilitares”. A morte foi confirmada pelo Itamaraty nesta terça-feira (24).

Em declarações ao canal 12 da televisão local, o reitor afirmou que a estudante do sexto ano morreu com “um tiro no peito que afetou o coração, o diafragma e parte do fígado”.

O assassinato de Raynéia ocorre durante uma crise sociopolítica no país, com manifestações contra o presidente Daniel Ortega – que está no poder desde 2007 em meio a acusações de abuso e corrupção. De acordo com a Associação Nicaraguense de Direitos Humanos, mais de 350 pessoas já morreram, entre elas, muitos estudantes.

O secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Marcos Galvão, classificou a morte como uma “situação trágica “. Em nota, o Itamaraty afirmou que busca esclarecimentos junto o governo nicaraguense.

A ligação entre os apoiadores de Ortega e a violência pelo país foi apontada por Ernesto Medina, reitor da UAM. “As forças paramilitares sentem que têm carta branca, ninguém vai dizer nada a eles, ninguém vai fazer nada, eles andam sequestrando e fazendo batidas”, afirmou o reitor, de acordo com a agência EFE.

Nesta terça, a Polícia Nacional negou a versão do reitor. “Um vigilante de segurança privada, em circunstâncias ainda não determinadas, realizou disparos com arma de fogo, um dos quais a impactou e causou ferimentos”, informou a Polícia Nacional, que não identificou o autor dos tiros.

Perigo – Mãe de Raynéia, a aposentada Maria Costa afirma ter falado pela última vez com a filha na manhã da segunda (23). “Ela me disse que estava indo para o plantão e me dizia sempre que lá estava muito perigoso, que ninguém estava saindo na rua. Hoje de manhã, o ex-sogro me ligou dizendo o que tinha acontecido”, contou ao G1.

No país desde 2013, a pernambucana se preparava para voltar ao Brasil em 2019, segundo a mãe. “Ela tinha acabado a faculdade e estava fazendo residência. Estava indo para o plantão quando falou comigo, era uma moça estudiosa e esforçada”, lamentou a mãe.

“Tiraram da rua o carro em que ela estava quando foi baleada. Eu quero que quem matou a minha filha seja punido. Seja o presidente, seja quem for”, disse Maria Costa.

O pai de Raynéia, o motorista Ridevando Pereira, não mantinha tanto contato com a filha, mas sabia e aguardava a possível vinda da estudante para o Brasil em 2019. “Ela estava lá somente para estudar. Era uma menina muito estudiosa e estava terminando os estudos para voltar.”

Reitor – De acordo com Ernesto Medina, o reitor universidade onde a brasileira estudava, a morte da Raynéia ocorreu em uma região ao sul de Manágua. Em sua entrevista para a televisão local, ele disse que os paramilitares responsáveis pelo assassinato estavam na casa de Francisco López, tesoureiro da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), o partido do governo.

“É preciso dizer isso, paramilitares que estavam na casa de Chico (Francisco) López foram os que dispararam”, afirmou.

De acordo com a agência EFE, até pouco tempo atrás Chico Lopez era gerente de duas grandes empresas estatais relacionadas com o petróleo e o setor construção.

Em nota, a Universidade Americana (UAM) disse que a morte de Raynéia “deixa [a instituição] cheia de dor porque é consequência das difíceis circunstâncias vividas pela Nicarágua”. As bandeiras da UAM foram hasteadas a meio mastro como sinal “de luto e de dor”, afirma o texto.

A instituição disse, ainda, que foi uma “honra” ter Raynéia como aluna, e que “nunca a esquecerão”. “Por meio de sua profissão médica, ela sempre demonstrou entrega a seus semelhantes e um alto compromisso humanitário.”




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