23 de novembro de 2024
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Papa Francisco admite “dor e vergonha” da Igreja por abuso de crianças na Irlanda

Papa Francisco admite “dor e vergonha” da Igreja por abuso de crianças na Irlanda

O papa Francisco expressou neste sábado (25) “dor e vergonha” pelo abuso de crianças por padres católicos, e prometeu adotar normas rigorosas para garantir que isso nunca mais aconteça. Em seu primeiro discurso na Irlanda, um dos países mais afetados por esses abusos, o pontífice disse que a falha de autoridades eclesiásticas em abordar adequadamente esses “crimes repugnantes” gerou, com razão, uma revolta entre as pessoas. O papa, no entanto, não especificou medidas concretas para prevenir o abuso ou punir o acobertamento dos casos. Esta é a primeira visita de um papa à Irlanda em quase 40 anos.

Revelações de abusos e seu acobertamento neste país católico custaram à Igreja grande prestígio e credibilidade nos últimos anos. A recepção ao papa Francisco em Dublin foi bastante diferente das boas vindas ao papa João Paulo II em 1979, que reuniu milhares de pessoas. Neste sábado, não havia pessoas esperando pelo papa no aeroporto ou nas ruas próximas, embora no fim da tarde uma multidão começava a se reunir do lado de fora da catedral da cidade.

Sobreviventes de abusos e outras pessoas ficaram bastante decepcionadas com o discurso inicial do pontífice em Dublin, dizendo que as palavras ignoram o papel do próprio Vaticano em alimentar a cultura de acobertamento de padres predadores.

Colm O’Gorman, que amanhã deve liderar uma passeata em solidariedade as vítimas de abuso sexual em Dublin, disse que o discurso de Francisco foi um “insulto aos católicos de fé, que não tem razão alguma para sentir vergonha por crimes cometidos pelo Vaticano e a Igreja”.

Anne Barrett Doyle, co-fundadora de uma central online norte-americana que registra casos de abusos pela igreja ao redor do mundo (o Bishop.Accountability.org), disse que Francisco “deu apenas um pequeno conforto para as vítimas” dado que ele não forneceu nenhum detalhe de como irá resolver o problema.

Um pequeno grupo de manifestantes contra a visita do papa se concentrou nos arredores do Dublin Castle. Eles seguravam uma faixa na qual estava escrito: “Acobertadores de pedófilos voltem para casa”.

Leo Varadkar, primeiro-ministro da Irlanda, instou o Papa a usar a sua “posição e influência” para garantir que as vítimas de abuso sexual do clero em todo o mundo vão receber “justiça, verdade e cura”. Varadkar reconheceu que a Igreja Católica proporcionou educação e cuidados médicos a gerações de católicos quando o governo irlandês não esteve presente. Mas disse que tanto a Igreja quanto o Estado têm uma história de “tristeza e vergonha”, citando os asilos de Madalena, onde mulheres com deficiência mental, prostitutas, vítimas de estupro e mães solteiras eram confinadas e forçadas a trabalhar, e a “mancha” do abuso sexual do clero.

Em seu apelo ao Papa, Varadkar citou o recente relatório sobre casos ocorridos no estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, com a descoberta de que 300 padres abusaram de mais de 1.000 crianças nos últimos 70 anos. Citou ainda o próprio pedido de Francisco por “tolerância zero” aos abusos e disse: “Nós agora precisamos garantir que as palavras serão transformadas em ações”.




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