O Papa Francisco fez um alerta neste domingo (2) sobre o perigo de uma “catástrofe humanitária” na província de Idlib, na Síria, onde há o temor de uma forte ofensiva do governo Bashar al-Assad. Ele renovou o pedido de “diálogo” e “negociação” para “preservar os civis”.
“O vento da guerra ainda sopra e nos chegam notícias inquietantes sobre o risco de uma possível catástrofe humanitária na Síria, que levamos em nosso coração, na província de Idlib”, declarou o papa diante de milhares de fiéis na Praça de São Pedro.
Há vários semanas o governo sírio acumula forças militares nas fronteiras da província de Idlib, último grande reduto insurgente do noroeste da Síria, perto da fronteira com a Turquia.
O confronto entre insurgentes e o governo na regiãode Idlib pode ser a última batalha de envergadura na guerra que assola a Síria desde 2011 e que já deixou mais de 350 mil mortos e milhões de deslocados e refugiados. A ONU alertou para a possibilidade de uma catástrofe humanitária.
Nos últimos dias, o regime sírio e sua principal aliada, a Rússia, elevaram o tom a respeito de Idlib, que é dominada pela organização extremista Hayat Tahrir al Sham (HTS), criada pelo ex-braço sírio da Al-Qaeda.
Na quarta (29), o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, deu a entender que a ofensiva é iminente.
Na quinta (30), o Ministério russo da Defesa anunciou que mais de 25 navios e cerca de 30 aviões vão participar de exercícios militares no Mediterrâneo de 1º a 8 de setembro.
Para evitar o confronto, a Rússia reivindica uma dissolução do HTS. Recentemente, o grupo rejeitou a possibilidade de uma dissolução, de acordo com declarações divulgadas por sua agência de propaganda, a Ibaa, mas deixou a porta aberta para uma solução negociada.
A possibilidade de confronto também preocupa a Turquia, que tenta evitar uma ofensiva do regime de Assad. Embora os turcos apoiem diretamente vários grupos rebeldes no norte do território sírio, sua influência nos extremistas do HTS é limitada.