Para enfrentar os graves efeitos da crise que ainda atinge o Brasil, Salvador vai ganhar um programa inédito no país que irá potencializar a geração de empregos e oportunidades, promovendo o desenvolvimento social e econômico. Trata-se do Negócio Pop (Programa Popular Produtivo), cujo objetivo é garantir acesso desburocratizado ao crédito com pagamento facilitado e qualificação empreendedora.
Para viabilizar o Negócio Pop, um outro programa também foi lançado nesta quinta-feira (20) pelo prefeito ACM Neto, no Terminal Marítimo, no Comércio: o Agente de Empreendedorismo, criado pelo Parque Social, instituição sem fins lucrativos parceira da Prefeitura que se insere nesse contexto concebendo a tecnologia e como entidade cogestora de todo o processo.
As duas iniciativas irão funcionar conjuntamente da seguinte forma: os agentes de empreendedorismo serão estagiários de Administração e Economia capacitados pelo Parque Social e que ficarão espalhados em todos os cantos da cidade para, sob a orientação de especialistas nas áreas de finanças e gestão, ajudarem na viabilização do acesso ao crédito previsto no Negócio Pop, além de promover a qualificação dos beneficiados para que esse dinheiro de fato gere dividendos positivos para todos os envolvidos. A Prefeitura espera viabilizar a liberação de R$300 milhões em microcrédito num prazo de três anos.
“Estou diariamente nas ruas de Salvador e confirmamos que parte da população de Salvador está vivendo na informalidade. A ideia é ofertar crédito fácil e rápido a essas pessoas. E, mais importante ainda, oferecer capacitação a essas pessoas. Com isso, estaremos fazendo uma mudança cultural na cidade, que é levar o empreendedorismo para a vida de milhares de pessoas. Vamos disseminar entre os mais pobres a cultura do empreendedorismo através desse programa, que é inédito em todo o país”, declarou ACM Neto.
Inúmeras atividades formais e informais poderão ser beneficiadas com a liberação e capacitação para utilizar bem o crédito de até R$15 mil por empreendedor, a exemplo do vendedor ambulante, da doceira, da moça da quentinha, do pipoqueiro, do feirante, da proprietária de salão de beleza, do cidadão que possuí um pequeno bar ou restaurante e até carrinho de lanche.
“Este programa surge no contexto de grandes transformações da atividade econômica, em meio à crise que atinge o país com escassez de emprego, baixa da produção e dificuldade de acesso ao crédito e à capacitação. Com isso, novas formas de atuação se fazem necessárias para desenvolver a economia e gerar emprego e renda na cidade”, disse a presidente de honra do Parque Social, Rosário Magalhães, presente no evento ao lado de representantes das outras entidades parceiras da Prefeitura no Negócio Pop.
Parceiros – Além do Parque Social, a Prefeitura conta com outros parceiros importantes para que, em um período de até três anos, sejam liberados recursos da ordem de até R$300 milhões em microcréditos. Um deles é o Banco do Nordeste (BNB), que irá assegurar os empréstimos dentro do Crediamigo – maior programa de microcrédito produtivo da América do Sul voltado para empreendedores formais ou informais.
O Sebrae é outro parceiro, e vai auxiliar com a organização de palestras para os agentes de empreendedorismo. Além disso, o Negócio POP integra o eixo Inclusão Econômica do programa Salvador 360, tendo a coordenação da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) e o envolvimento da Secretaria Municipal de Trabalho, Esporte e Lazer (Semtel).
Como vai funcionar – Construído através de pesquisas realizadas sobretudo com lideranças do setor do comércio informal, como ambulantes e feirantes, o programa tem dois principais pilares de atuação apontados como essenciais pelos trabalhadores: a capacitação e orientação para atuação em negócios e a concessão de microcrédito desburocratizado e com juros baixos.
A concessão do crédito será feita através da parceria com o BNB. Segundo a instituição, a média de empréstimo novo para o pequeno empreendedor no mercado informal de Salvador é de R$1.000. O limite para quem deseja ter acesso ao microcrédito pela primeira vez é de R$6 mil, que pode evoluir para R$15 mil à medida em que novas operações forem sendo solicitadas e realizadas. Cerca de 30 mil pequenos empreendedores deverão ser beneficiados. O microcrédito é liberado para grupos de no mínimo quatro pessoas, de forma solidária.
A partir das informações dos agentes de empreendedorismo, representantes do próprio banco verificam o tipo de negócio praticado antes da liberação dos recursos, que acontece de forma rápida. Para a liberação da verba, é necessária a formação de grupos de pelo menos quatro pequenos empreendedores, mesmo que de atividades distintas, como forma de garantia à instituição financeira.
Para englobar o maior número de atuais e possíveis empreendedores, o Negócio POP terá atuação capilarizada em diversos pontos da cidade, principalmente onde já existem agentes de crédito do BNB e maior número de empreendimentos. De acordo com o histórico de empréstimo da instituição financeira, cerca de 67% do público-alvo é formado por mulheres e, em Salvador, esse percentual cresce para 72%.
A partir dessa informação e para garantir a descentralização dos atendimentos, a ponte para o acesso ao microcrédito, além de orientações e capacitações, será feita por meio doo programa Agente de Empreendedorismo. A inspiração para este importante braço do Negócio POP é um outro programa de sucesso da Prefeitura de atuação direta nas comunidades: o Agente da Educação, que reduziu os índices de evasão escolar na capital baiana a partir da visita, de casa em casa, às famílias de alunos que não estavam frequentando a escola.
Agentes – Com metodologia construída e execução feita através do Parque Social, e capacitações a serem realizadas em parceria com o Sebrae, o Agente de Empreendedorismo será conduzido por uma equipe gestora formada por coordenador, subcoordenador, orientadores de campo e os próprios agentes de empreendedorismo.
O papel do Agente de Empreendedorismo será de mobilizar, engajar e prospectar parceiros na comunidade, estimulando a cultura do empreendedorismo. Além disso, vai identificar e apoiar empreendedores reais e potenciais no desenvolvimento do seu negócio, no acesso ao crédito e na qualificação através de capacitações.
Inicialmente, serão formados 90 agentes, selecionados entre estudantes universitários que estejam matriculados do 2º ao 6º semestre no período noturno dos cursos de Administração ou Economia e que residam, preferencialmente, na comunidade onde irá atuar. Com previsão para ser realizado em outubro próximo, o processo de seleção dos agentes, que vai começar em outubro, envolve inscrição, atestado da instituição de ensino para comprovação do curso e entrevista. O período de estágio é de um ano.
A atuação desses agentes ocorrerá nas dez unidades das Prefeituras-Bairro, na sede do Serviço Municipal de Intermediação de Mão de Obra (Simm) e em 79 escolas municipais, por já serem considerados espaços consolidados, ou seja, bastante utilizados pelos cidadãos. Além disso, nas escolas municipais estão concentradas essencialmente o público-alvo: mães de alunos, que também são empreendedoras. O funcionamento do programa foi dividido em três ciclos que duram um ano cada, com seis fases.
Foto: Valter Pontes/SECOM-PMS