Até pouco tempo considerado um distúrbio raro e até desconhecido da maioria da população, a SÃndrome de Guillain-Barré é uma doença autoimune, de origem neurológica grave caracterizada pela inflamação dos nervos e fraqueza muscular que, se não tratada devidamente, pode até matar.
Em 2015, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) registrou 100 notificações suspeitas da doença. No ano seguinte, 11 casos foram notificados, seguidos de nove ocorrências em 2017 e sete entre janeiro e junho deste ano.
Não houve aumento de casos na capital baiana, e os dados atuais não são comparáveis com a primeira leva de notificações, pois houve alteração da forma de captar os casos, desde a introdução da vigilância de doenças neuroinvasivas, em 2017. “Cabe à rede municipal, ao identificar um caso suspeito de Guillain-Barré, orientar o paciente quanto à necessidade de tratamento e encaminhar para um hospital de referência para cuidar da situação”, destaca a epidemiologista Cristiane Cardoso, coordenadora do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) da SMS.
A confirmação laboratorial de que o paciente é portador da Guillain-Barré se dá por meio do exame do LÃquido Cefalorraquidiano, ou exame de lÃquor, mesmo método utilizado para identificação da meningite. Entretanto, o distúrbio também apresenta caracterÃsticas fÃsicas capazes de estabelecer um diagnóstico, como o acometimento do sistema muscular, perda de reflexos nos membros, fraqueza fÃsica, dormência, queda progressiva da coordenação motora e redução da sensibilidade. Além disso, alguns quadros podem apresentar dificuldade de locomoção, respiração e alimentar.
Causas – Os gatilhos que conduzem a um quadro de Guillain-Barré são infecções bacterianas, virais, respiratórias ou intestinais, responsáveis por estimular as defesas do sistema imunológico, dando vazão à sÃndrome, que ataca o revestimento do nervo, também chamado de bainha de mielina. A partir daÃ, o paciente começa a apresentar transtornos musculares. Em Salvador, o grande número de casos registrados desde 2015 são atribuÃdos aos surtos de arboviroses, em especial dengue, chikungunya e zika vÃrus.
O tratamento é à base de imunoglobulina, aliada a algum suporte respiratório – devido à dificuldade para respirar causada pela sÃndrome -, e dura entre quatro e seis semanas, até a normalização do quadro. De forma associada, o paciente é submetido a sessões de fisioterapia, por conta das complicações musculares e locomotoras.