Os batuques dos tambores anunciaram, por volta das 22h desta quinta-feira (1º), a chegada do cortejo do “Mais belo dos belos”, na Senzala do Barro Preto, no bairro da Liberdade, em Salvador. O tradicional Ilê Aiyê completa 45 anos.
Por toda a Ladeira do Curuzu, famílias se reuniram nas varadas e janelas das casas para acompanhar a chegada da caminhada do bloco afro mais antigo do país. Para muitos, o Ilê é o principal ícone de resistência, que marca a história contra o racismo e afirmação do povo negro na Bahia.
Ao G1, o fundador e presidente da entidade, Antônio Carlos, o “Vovô do Ilê”, falou sobre a representação cultural e social do bloco afro. “É muito gratificante, um verdadeiro motivo de orgulho, a gente conseguir manter uma organização negra na Bahia por 45 anos. É de uma importância muito grande, principalmente para a juventude negra. Mas, além disso, para todo o povo baiano: negros, brancos e índios”, disse Vovô.
Ele ponderou ainda os propósitos do Ilê Aiyê, enquanto organização para a luta dos direitos dos povo negro. “O Ilê Ayiê não surgiu com o intuito de separatismo, de ser negros de um lado e brancos do outro. Nós queremos liberdade e igualdade. Estamos em busca dessa tal reparação, que já passou da hora há bastante tempo”, disse.
A festa foi comandado pela Banda Aiyê, anfitriã da noite. Além dela, outros blocos afros e afoxés, subiram no palco da Senzala do Barro Preto. Filhos de Gandhy, Cortejo Afro, Malê de Malê, Muzenza, Os Negões e Olodum deixaram seu recado de luta pelos direitos da população negra. Daniela Mercury e Gerônimo também foram convidados.