O “governo encarregado” de Juan Guaidó tentará, na madrugada deste sábado (23), ingressar cem toneladas de produtos à Venezuela através de sua fronteira com o Brasil, confirmou ao jornal O Globo a representante do lÃder opositor no paÃs, Maria Teresa Belandria. Pouco antes de embarcar rumo a Boa Vista, onde já está o carregamento de alimentos, remédios e insumos médicos doados pelo Brasil e pelos Estados Unidos. Maria Teresa informou ainda que a segurança e a logÃstica da inédita operação será fornecida por policiais e militares brasileiros.
Perguntada sobre a decisão do presidente Nicolás Maduro de fechar a fronteira entre os dois paÃses na noite da última quinta-feira, a professora escolhida por Guaidó para ser sua “embaixadora” no Brasil assegurou que “estava previsto”.
— Isso fazia parte do roteiro, sabÃamos que aconteceria. Todas as doações já estão em Boa Vista e serão transportadas por caminhões venezuelanos que já atravessaram a fronteira — explicou Maria Teresa.
Os caminhões são venezuelanos e serão dirigidos por motoristas venezuelanos, decisão tomada seguindo à risca a posição do governo Bolsonaro, que desde o começo deixou claro que não haveria brasileiros participando diretamente na abertura do canal humanitário, uma das jogadas mais ousadas de Guaidó desde que se autoproclamou presidente interino. O que fará o Brasil, ratificou a “embaixadora”, é ajudar na logÃstica e na segurança com envolvimento de militares, agentes da polÃcia federal e polÃcia rodoviária.
Nesta quinta-feira, o porta-voz da Presidência brasileira, Otávio do Rêgo Barros, informou que todos os suprimentos a serem doados via Roraima são brasileiros. Os alimentos vieram de Porto Alegre, e os kits foram apanhados de BrasÃlia.
Enquanto a cidade colombiana de Cúcuta se prepara para receber os presidentes Ivan Duque (Colômbia), Sebastián Piñera (Chile) e Mario Abdo BenÃtez (Paraguai), em Boa Vista e na fronteira Maria Teresa estará, segundo ampliou, acompanhada pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o encarregado de negócios da embaixada americana em BrasÃlia.
A incerteza é grande, já que com uma fronteira fechada muitos se perguntam como farão os opositores de Maduro e governos aliados para conseguir ingressar as doações.
— A fronteira brasileira é muito diferente da colombiana, aqui não temos as pontes. Existem opções e não vamos nos render. Existe, ainda, o fator indÃgena, que é muito importante — destacou a professora, se referindo à s comunidades indÃgenas venezuelanas decididas a pressionar as Forças Armadas do paÃs para que não impeçam a entrada da ajuda humanitária.