Procuradores das forças-tarefas da Lava-Jato em Curitiba, Rio e São Paulo vem reafirmando, em conversas reservadas, apoio ao procurador regional Vladimir Aras ao cargo de Procurador-Geral da República .
O jornal O Globo informa neste sábado (08) que Aras se consolidou como o preferido dos procuradores diretamente envolvidos nas ações de combate à corrupção devido à sua atuação na área. Ex-secretário de Cooperação Jurídica Internacional da PGR nos anos mais agudos da Lava-Jato, Aras é próximo do ex-procurador-geral Rodrigo Janot. Nos últimos anos, atuou como membro de grupos de trabalho que discutiam estratégias de combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro.
Ele é um dos dez candidatos que disputam a eleição promovida pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Como procurador, Aras atuou em Foz do Iguaçu e Curitiba, quando integrou a força-tarefa do caso Banestado, que investigou o envio de recursos ao exterior por meio de contas do antigo banco estatal do Paraná. O caso foi descoberto por alguns dos mesmos investigadores e colaboradores que hoje são personagens da Lava-Jato.
As três forças-tarefas reúnem apenas 38 dos 1150 integrantes do Ministério Público Federal (MPF) aptos a apresentar três nomes de preferência em votação digital, marcada para dia 18.
Ontem, Aras disse que é preciso ampliar a campanha “a todos os membros do MPF”, e defendeu a união da instituição “em defesa de seus valiosos propósitos comuns”. Ele não quis comentar o apoio de colegas das forças-tarefa.
Nos últimos dias, o candidato acenou ao ministro Sergio Moro (Justiça), defendendo o pacote anticrime apresentado pelo ex-juiz ao Congresso, incluindo a polêmica ampliação dos chamados “excludentes de ilicitude”, que isentam pena para quem comete homicídio em situações específicas. Moro deve ser um dos principais auxiliares a influírem na decisão do presidente Bolsonaro sobre o cargo de PGR.
Em agosto do ano passado, Aras defendeu que a Justiça Eleitoral no Brasil cumprisse a decisão do Comitê de Direitos Humanos do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (PIDCP), com sede em Genebra, favorável à participação do ex-presidente Lula na disputa pelo Palácio do Planalto, apesar de preso, até que o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)decidissem de forma definitiva sobre o registro da candidatura. Segundo ele, era a única forma de evitar a inadimplência do Estado brasileiro em relação a obrigações que assumiu no pacto internacional. O TSE optou por entendimento diverso.
Em nota oficial divulgada na quarta, os procuradores das forças-tarefas defenderam o respeito à lista tríplice para escolha do PGR, sem citar publicamente os postulantes ao cargo.
Foto: Divulgação/IDADPP