26 de novembro de 2024
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Jornalistas descobrem uma nova lista de propinas da Odebrecht, diz revista

Jornalistas descobrem uma nova lista de propinas da Odebrecht, diz revista

A revista Época informa nesta quarta-feira (26) que uma nova investigação global liderada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) chamada “The Bribery Division” revela que a operação de compra de contratos da Odebrecht era ainda maior do que a empresa havia assumido e envolveu figuras proeminentes e projetos massivos de obras públicas não mencionados nos processos criminais ou outros inquéritos oficiais até agora.

Essas descobertas foram feitas a partir de uma nova lista de registros vazados de uma divisão da Odebrecht, o Setor de Operações Estruturadas, criado principalmente para gerenciar os subornos da empresa. Os registros foram obtidos pelo site equatoriano La Posta e compartilhados com o ICIJ e 17 parceiros de mídia das Américas. No Brasil, jornalistas da revista Época e do site Poder 360 participaram da investigação.

As reportagens serão publicadas a partir desta quarta-feira. Os registros do departamento de propina revelam pagamentos secretos em toda a América Latina, que se estendem muito além do que foi publicamente relatado pela Odebrecht, incluindo:

– US$ 39 milhões em pagamentos secretos da empresa feitos em conexão com a gigante usina a carvão de Punta Catalina, na República Dominicana;

– 17 pagamentos totalizando cerca de US$ 3 milhões relacionados a um gasoduto peruano;

– e-mails discutindo pagamentos secretos que um banco da Odebrecht fez a empresas -fantasmas relacionados à construção de um sistema de metrô de US$ 2 bilhões em Quito, capital equatoriana;

– pagamentos relacionados a uma dúzia de outros projetos de infraestrutura em países da região, incluindo cerca de US$ 18 milhões ligados ao sistema de metrô na Cidade do Panamá e mais de US$ 34 milhões ligados à Linha 5 do sistema de metrô em Caracas, Venezuela.

Segundo a Época, os arquivos contêm 13 mil documentos que haviam sido armazenados por essa divisão em uma plataforma secreta de comunicações, o Drousys. Esses arquivos foram obtidos separadamente pela agência de notícias equatoriana Mil Hojas, que se juntou ao projeto.

Por mais de quatro meses, o ICIJ trabalhou em parceria com mais de 50 jornalistas em 10 países para investigar os livros contábeis da divisão de propina da Odebrecht.

Em nota enviada ao ICIJ, a Odebrecht afirmou estar comprometida com a total cooperação com as autoridades que investigam a corrupção associada à empresa. “A Odebrecht continuará empenhada em um processo de colaboração irrestrita com as autoridades competentes”, afirmou a empresa, que se recusou a responder a perguntas sobre casos individuais.

“Todos os documentos e testemunhos referentes aos acordos de leniência assinados em diversas jurisdições, inclusive a base completa de registros dos sistemas Drousys e MyWeb Day, do extinto Setor de Operações Estruturadas, estão sob custódia do Ministério Público Federal brasileiro e do Departamento de Justiça americano, ficando disponíveis para aqueles países que celebraram os respectivos acordos e concluíram o processo de homologação. Um procedimento da justiça amparado internacionalmente e que estabelece a confidencialidade da informação com o objetivo de resguardar os avanços das investigações, respeitando a soberania de cada nação e buscando a eficácia das ações legais contra os acusados”, afirmou nota enviada a revista Época.

Ao todo, a Odebrecht pagou mais de US$ 788 milhões em propinas entre 2001 e 2016, resultando em US$ 3,3 bilhões em benefícios ilícitos, de acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

Os documentos mostram o período em que Marcelo Odebrecht dirigiu a empresa, exatamente o mesmo em que o Drousys foi montado. Fundada em 1944 por Norberto Odebrecht, descendente de imigrantes alemães do século XIX, em Salvador, a Odebrecht tornou-se a maior construtora da América Latina, e governos de toda a região confiaram nela para realizar importantes obras públicas, de infraestrutura, desde barragens a rodovias até usinas elétricas.

Sua liderança se manteve na família Odebrecht, com sua presidência passando de Norberto para seu filho, Emilio, em 1991, e seu neto, Marcelo, em 2009.




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