16 de abril de 2024
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Festa da Boa Morte começa nesta terça em Cachoeira

Festa da Boa Morte começa nesta terça em Cachoeira

Anualmente, dezenas de mulheres cruzam as ruas de Cachoeira, cidade histórica do recôncavo da Bahia, a cerca de 117 quilômetros de Salvador, com a missão de reforçar junto com a comunidade uma das festas seculares mais fortes da terra: a Irmandade da Boa Morte e Glória.

Celebrado há quase 200 anos, o festejo sempre ocorreu em agosto, mês dedicado à Nossa Senhora. Neste ano, o evento, que é considerado Patrimônio Imaterial da Bahia desde 2010, começa nesta terça-feira (13) e segue até o próximo sábado (17).

“Pedir uma boa morte sempre se fez presente. Quando os negros não eram bem tratados, sempre pediam uma boa morte. Pedíamos a interseção de Maria, para morrer bem junto a ela”, disse Nilza Prado, que tem 78 anos e há 22 foi iniciada no grupo.

Atualmente, a festa atrai pessoas de diversos lugares, incluindo estrangeiros. Apesar disso, as irmãs lutam para que o grupo não acabe.

“É uma festa muito grande, vai muita gente. Mas lutamos para que ela continue. A festa tem muita resistência. Nossa luta é para preservar a irmandade e a sociedade da Cachoeira e os participantes nos ajudam a fazer isso”, contou Zelita Sampaio, uma das 30 irmãs.

Irmandade – A Irmandade da Nossa Senhora da Boa Morte é uma confraria religiosa afro-católica que, na sua origem, e por muito tempo, foi responsável pela alforria de inúmeros escravos. Neste século, o grupo continua com a missão social, mas dedicada principalmente à educação.

Na literatura, não há uma data precisa sobre o surgimento da irmandade em Cachoeira. No entanto, há indícios de que os primeiros sinais da manifestação datam de um intervalo entre 1810 a 1840.

“Os primeiros sinais do grupo na Bahia são de 1810, em Salvador, a partir de escravas vindas da África, mas o grupo acaba extinto na capital, por conta das perseguições. Por isso, algumas irmãs foram para Cachoeira, em 1840. Elas se interessaram pela economia do recôncavo que estava boa. Assim, a Irmandade em Cachoeira foi criada”, diz Valmir Pereira, produtor cultural, que trabalha na Irmandade há 24 anos.

Em Cachoeira, as irmãs se instalaram na casa que hoje é conhecida como “estrela”, de nº 41, na Rua Ana Nery, onde começou o trabalho social.




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