19 de abril de 2024
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Leilão internacional de jazidas deve arrecadar até US$ 10 bilhões para a Bahia

Leilão internacional de jazidas deve arrecadar até US$ 10 bilhões para a Bahia

Nos próximos três meses devem ir a leilão internacional as jazidas encontradas naquela que já está sendo chamada de Província Mineral do Vale do Paramirim, considerada uma nova fronteira da mineração do Brasil.

Matéria publicada nesta quarta-feira (18) no Correio informa que o projeto reúne oito blocos que abrange oito distritos minerais localizadas em uma faixa de 45 mil quilômetros quadrados do semiárido baiano, na região centro-sudoeste do estado.

Algumas minas já eram conhecidas desde 1938. Muitas já tinham sido exploradas no passado e tinham sido abandonadas. Mas nos últimos anos começaram a ser analisadas, de forma integrada, por equipes especializadas em geologia que utilizaram novas tecnologias. Os levantamentos iniciais de prospecção mostraram que as reservas são ricas em diversos minérios, como ferro, ouro, lítio, cobre, manganês, grafita, fosfato e terras raras.

Os leilões foram confirmados pelo empresário João Carlos Cavalcanti, presidente da Companhia Vale do Paramirim.mSerão no mínimo quatro rodadas de negociações. A expectativa é alcançar entre US$ 8 e 10 bilhões.

“O leilão privado será conduzido por um dos maiores bancos de investimentos do mundo. E o primeiro roadshow será realizado em São Paulo. Tenho certeza que será um sucesso. O Vale do Paramirim é maior do que Carajás, e é a maior descoberta mineral do século XXI. Se a Bahia fosse um país, seríamos autossuficientes em tudo”, afirma Cavalcanti.

As minas ficam numa faixa da Bahia extremamente seca, que abrange 32 municípios, e onde vivem 2,6 milhões de habitantes. Entre os destaques estão as reservas de chumbo de Boquira e as minas de urânio que ficam em Lagoa Real.

Estima-se que existem cerca de 110 mil toneladas de óxido de urânio distribuídas em 38 depósitos minerais. O estudo também indicou a presença de rochas com teores de até 65% de minério de ferro no Morro do Pereiro, entre Ibitiara e Ibipitanga. Neste mesmo local fica também a única jazida de magnetita do Brasil, associada a minérios de zinco.

“Esta é a área de maior diversidade mineral do Brasil. Depois da prospecção e da exploração chegamos a fase de desenvolvimento e de busca dos investidores. Quem vencer o leilão vai ter que desenvolver as pesquisas complementares e preparar as jazidas para fazer a extração”, explica.

A previsão é de que para fazer cerca de 100 mil metros de sondagem as empresas vencedoras invistam cerca de 83 milhões de reais nos próximos três anos.

Depois do leilão, as empresas podem começar imediatamente a preparar as jazidas para extrair o minério. A fase de preparação pode durar de cinco a seis anos.

A produção deve ser escoada através da Ferrovia Oeste Leste e do Porto Sul, obras que são consideradas essenciais para o desenvolvimento dos projetos.

O empresário também destaca que nem todas as minas exigirão a construção de barragens de rejeito.

“Como algumas minas, como a do Morro do Pereira, produzirão apenas rochas do tipo magnetíticos e hematíticos, não será necessária a construção de barragens de rejeito. São minérios magnéticos que podem ser britados, separados através de imãs eletromagnéticos”, explica.

Costa do alumínio – Conhecido como o farejador de minérios, e chamado muitas vezes até de “perdigueiro”, João Carlos Cavalcanti termina o ano de 2019 celebrando mais um achado. Os exames de laboratório realizados nas rochas da Costa do Dendê, coletadas em agosto deste ano, comprovaram teores de óxido de alumínio acima de 40%. O mais frequente é encontrar rochas com teores entre 25 e 33%.

“Os laboratórios confirmaram. É definitivamente a nova Costa Aluminosa do Brasil. São no mínimo 400 milhões de toneladas com alto teor de óxido de alumínio, no padrão das principais reservas internacionais. É o segundo mineral mais consumido no mundo e este é um grande feito para a Bahia”, afirma.

As reservas estão espalhadas entre os municípios de Nazaré e Itacaré, passando por Valença, Nilo Peçanha, Taperoá, Ituberá, Igrapiúna e Camamu. A área até agora era conhecida pela produção de especiarias e frutas, como cacau e cupuaçu, e pelas belezas naturais litorâneas e da Mata Atlântica.

Para João Carlos Cavalcanti a descoberta abre novas possibilidades de desenvolvimento para a região. “A Bahia vai se tornar um ícone na produção de commodities minerais listadas nas principais bolsas de valores do mundo. E esta produção vai dar um novo rumo para a economia, descentralizando a industrialização e levando desenvolvimento para o interior do estado”, afirma.

A expectativa é de que na fase de desenvolvimento a mineração da nova costa do alumínio gere cerca de 3 mil empregos diretos.

Descobrir riquezas minerais faz parte da trajetória de João Carlos Cavalcanti. O menino de Caculé, filho de uma dona de casa e de um operário, sempre foi curioso, e ainda na infância se destacava entre as outras crianças por ser atento e observador. No fim da década de 60 veio estudar na capital baiana e não parou mais. Se formou em geologia na Universidade Federal da Bahia e depois atuou em diversas companhias como o Grupo Pignatari e a Ferbasa. Durante 4 anos trabalhou na Companhia Baiana de Pesquisa Mineral até seguir para iniciativa privada.

Ficou famoso, entre outros feitos, depois de descobrir as jazidas de ferro da região de Caetité, e as reservas de neodímio na Serra do Ramalho.

Nos últimos anos recebeu vários títulos e condecorações. Entre elas a homenagem recebida este ano da Universidade Federal da Bahia, como o aluno da Faculdade de Geologia que mais se destacou na mineração brasileira.




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