A ministra da Justiça do Japão, Masako Mori, classificou neste domingo (5) a saída de Carlos Ghosn do país como ‘aparentemente ilegal’ e ‘lamentável’. O ex-presidente da aliança Renault-Nissan, acusado de crimes financeiros, fugiu para o Líbano no dia 30 de dezembro.
Em um comunicado, a primeira manifestação oficial do governo desde a fuga de Ghosn, Mori prometeu uma ‘investigação total’ para descobrir a verdade sobre como o executivo conseguiu deixar o país e também a revisão dos procedimentos de imigração no Japão, já que segundo a ministra, o caso é ‘injustificável’.
“O sistema judicial no Japão garante os direitos humanos básicos dos indivíduos e foi empregado adequadamente nos procedimentos, portanto não há espaço para justificar a fuga do acusado enquanto estiver sob fiança”, diz trecho do comunicado.
Masako confirmou que a fiança fixada pela Justiça para que Ghosn aguardasse o julgamento em prisão domiciliar foi revogada e uma ordem de prisão internacional foi expedida pela Justiça japonesa. O Líbano já havia informado que recebeu um alerta de prisão contra o executivo. Japão e Líbano não têm acordo de extradição.
Autoridades japonesas fizeram buscas na casa do empresário em Tóquio na quinta-feira (2). Investigadores buscam imagens de vídeo de residências vizinhas que tenham registrado a saída de Ghosn. Neste domingo (5), o Ministério Público de Tóquio confirmou que está conduzindo suas próprias investigações e que irá fundo no caso.
Ghosn, que além da nacionalidade brasileira tem cidadania francesa e libanesa, era alvo de quatro acusações por crimes financeiros no Japão. Lá, onde vivia prisão domiciliar sob fiança desde abril de 2019, o magnata tinha certa liberdade de movimento, mas sob condições estritas.
O empresário escapou do país a bordo de um jatinho privado e fez uma escala em Istambul, na Turquia, antes de chegar ao Líbano.
Já em Beirute, Ghosn divulgou um comunicado em que afirmou que não será “mais ser refém de um sistema judicial japonês fraudulento em que se presume culpa, onde direitos humanos básicos são negados. Não fugi da justiça. Escapei da injustiça e da perseguição política. Agora posso finalmente me comunicar livremente com a mídia e estou ansioso para começar na próxima semana”.