O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, anunciou neste sábado (1º) o rompimento de todas as relações com Estados Unidos e Israel. Nesta semana, Abbas criticou o plano de paz apresentado pelo presidente dos EUA, Donaldo Trump, para o Oriente Médio.
Durante a reunião de emergência da Liga Árabe, realizada no Egito, Abbas disse que a proposta norte-americana viola os acordos de Oslo, que israelenses e palestinos assinaram em 1993. “Israel deve assumir suas responsabilidades como potência ocupante dos territórios palestinos”, afirmou
O anúncio do plano foi feito por Trump na terça-feira (28) ao lado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. O projeto apresentado incluiu um redesenho do mapa da região disputada por israelenses e palestinos. A proposta estabelece um reconhecimento mútuo entre Israel e Palestina — no que o presidente norte-americano chamou de “solução realista de dois Estados”.
O desenho foi feito à revelia das autoridades palestinas, que não participaram das conversas para definir o plano. Na terça-feira, Abbas chamou o projeto de “conspiração” e disse que não aceitará os termos.
O mapa faz parte do projeto divulgado pela Casa Branca com o nome “Paz para a Prosperidade”. O projeto estabelece, entre outros pontos, as seguintes propostas: Jerusalém permanece indivisível e considerada capital de Israel; o futuro Estado Palestino terá a região de Abu Dis — a cerca de 1,5 km da cidade murada de Jerusalém — como capital; o novo Estado Palestino terá um novo território para indústrias de alta tecnologia e outro destinado a casas e produção agrícola; os portos de Haifa e Ashdod, em Israel, terão acesso garantido para os palestinos; haverá um túnel ligando a Faixa de Gaza à Cisjordânia, garantindo a unidade do novo Estado Palestino; todo o Vale do Jordão ficará sob controle de Israel — ou seja, toda a fronteira com a Jordânia, país independente a leste do território israelense; assentamentos israelenses na Cisjordânia não serão removidos.
Além dessa organização territorial, o plano estabelece uma gradual desmilitarização da região — com o fim das atividades militares do Hamas, que comanda hoje a Faixa de Gaza. Além disso, palestinos muçulmanos terão acesso garantido à mesquita de Al-Aqsa, considerada sagrada e que fica em Jerusalém.
O impasse ocorre sobretudo diante da crise que se intensificou com recente decisão dos Estados Unidos em deixar de considerar os assentamentos israelenses na Cisjordânia uma violação ao direito internacional — uma reversão da política adotada em 1978, no governo de Jimmy Carter.