Depois de cinco dias trancado em casa, hoje pela manhã precisei ir ao mercado do bairro. Das poucas pessoas que encontrei no caminho, percebi que a maioria parecia muito feliz – da mesma forma que eu – em poder dizer e escutar de volta um simples “Bom Dia”. Outras viraram a cara.
Nunca uma expressão tão simples e corriqueira pareceu dizer tanta coisa: estou feliz por estarmos bem, vamos manter a vontade de viver e vencer essa pandemia, estou feliz por encontrar você.
Minha saída ao mercado foi rápida, fui e voltei andando em menos de 1 hora. O risco valeu a pena: precisei comprar comida e material de limpeza para as pessoas que dão sentido todos os dias a minha vida, a minha família.
Nunca valorizei tanto uma caminhada ao ar livre. Nunca valorizei tanto o serviço da moça do caixa, da moça do balcão de frios, do açougueiro, do rapaz que repõe as mercadorias e dos empacotadores. Eles precisam dos seus empregos e estão se arriscando todos os dias por todos nós. Suas famílias dependem deles e também as nossas famílias.
No caixa, as moças disseram que algumas pessoas se comportam com muito egoísmo, comprando tudo o que podem e como se apenas elas estivessem precisando de mantimentos para sobreviver a esta pandemia.
Foi então que percebi que pior do que pegar o tal coronavírus – que no máximo vai matar nosso corpo físico – é já estar com a alma pequena, é estar doente no espírito, é se tornar materialista.
Aí não tem álcool em gel, máscara de proteção ou antibiótico cloroquina que dê jeito. Aí a gente só se salva com o milagre misterioso de um coração convertido, temente a Deus, cristão.
Percebi que o verdadeiro combate não é na medicina, é para saber quem é o senhor da nossa alma, quem somos nós diante das adversidades da vida. É isso que está em jogo.
Que Deus, Pai, todo poderoso, nos dê discernimento, sabedoria e tenha piedade de nós.
José Lopes é jornalista, católico e devoto de São Francisco Xavier, milagroso Padroeiro da Cidade de Salvador em tempos de epidemia.