O consórcio dos hospitais Albert Einstein, SÃrio-Libanês e Universidade de São Paulo recebeu autorização da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) para começar a fazer testes clÃnicos com plasma de pacientes que já se recuperaram do coronavÃrus em doentes em estado grave.
Nos Estados Unidos, a agência que regulamenta medicamentos, a Food and Drug Administration (FDA), autorizou o tratamento experimental contra a Covid-19 usando plasma de pacientes que já se recuperaram da doença provocada pelo novo coronavÃrus. Um estudo feito com cinco pacientes graves internados em um hospital da China, usando o mesmo método, já demonstrou eficiência.
“Se a terapia funcionar como nós estamos esperando, dentro dos parâmetros que nós estamos esperando, ela deve ser útil para evitar que um grande número de pessoas vá para a UTI. Que é justamente aonde está o maior gargalo. Você tem bem menos gargalo, felizmente, na internação comum do que em UTI, porque os números de leitos são bem menores. Então, o objetivo da pesquisa, entre outras coisas, é claramente diminuir o número de pacientes que necessitem de suporte de Terapia Intensiva”, disse Luiz Vicente Rizzo, diretor de pesquisa do Hospital Albert Einstein.
O plasma é a parte lÃquida do sangue. O uso desta substância retirada de pacientes recuperados já foi usado com sucesso em surtos de outras infecções respiratórias, incluindo a pandemia do vÃrus influenza H1N1, que ocorreu entre 2009 e 2010; a epidemia de SÃndrome Aguda Respiratória (chamada de Sars-CoV-1), em 2003; e a epidemia de sÃndrome respiratória do Oriente médio (Mers-CoV), de 2012.
A Agência Naional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou uma nota sobre o tema, que reconhece que o plasma tem potencial de ser uma opção para tratamento da Covid-19. Mas que o tamanho limitado de amostras e o desenho dos estudos impedem a comprovação definitiva sobre a eficácia.
A Anvisa disse que é papel dela alertar que não existem evidências cientÃficas conclusivas sobre a eficácia do tratamento e que os estudos clÃnicos com o plasma para a Covid-19 não precisam ser aprovados pela agência.
O Ministério da Saúde disse que realiza uma revisão da literatura cientÃfica para avaliar se há dados suficientes e robustos a respeito da eficácia da utilização da técnica e que está em contato com centros hemoterápicos que deram inÃcio aos protocolos de pesquisa. Se houver evidência da efetividade de novas terapias, o Ministério diz que pode compartilhar orientações para o uso delas pelo serviço de saúde.