26 de abril de 2024
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Turquia transforma Basílica de Santa Sofia em mesquita muçulmana

Turquia transforma Basílica de Santa Sofia em mesquita muçulmana

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, assinou um decreto na sexta-feira (10) para que a antiga basílica bizantina de Santa Sofia seja entregue para autoridades religiosas muçulmanas, abrindo caminho para que a construção de 15 séculos de existência seja reconvertida em mesquita.

O decreto foi divulgado logo depois que o Conselho de Estado, um tribunal superior administrativo alinhado ao governo turco, anunciar que havia decidido em favor de uma petição organizada por uma associação muçulmana. O grupo religioso pedia a anulação de um decreto de 1934 que havia tirado o status religioso do local.

O antigo edifício bizantino do século 6 serviu por quase mil anos como uma catedral ortodoxa. Depois da conquista de Constantinopla pelos otomanos, em 1453, foi convertida em mesquita. Este último status só mudou 85 anos atrás, quando o local passou a funcionar como museu.

Com a decisão, o local foi tirado da alçada do Ministério da Cultura e Turismo da Turquia e passa a ser administrado pelo Diretório de Assuntos Religiosos.

Pouco mais de uma hora após o anúncio da decisão do tribunal, Erdogan, que havia efetivamente promovido a petição, divulgou o novo decreto em seu perfil no Twitter com a legenda “parabéns!”.

O presidente turco, que trouxe nos últimos anos a religião de volta para a arena política – em contraste com os governos seculares que o antecederam –, defendia que os muçulmanos deveriam poder rezar novamente no local.

Os religiosos que entraram com a petição argumentaram que o edifício seria propriedade do sultão otomano Mehmet 2º, que conquistou Istambul em 1453 e, portanto, não deveria ter sido atingida pelo decreto de 1934, assinado pelo então governo do secular Kemal Atatürk. A corte decidiu que a Santa Sofia (ou Hagia Sophia) é propriedade de uma fundação que administra os bens do sultão e que o local deve ser aberto ao público como mesquita.

Nos 17 anos de liderança de Erdogan, a associação religiosa tentou anular o decreto de 1934 em 15 ocasiões. Dezenas de pessoas que aguardavam a decisão dos juízes em frente à Santa Sofiacomemoraram a decisão aos gritos de “Alá é grande”.

Com a decisão, o local foi tirado da alcada do Ministério da Cultura e do Turismo da Turquia e passa a ser administrado pelo Diretório de Assuntos Religiosos da Turquia.

A decisão sobre o destino do local, considerado patrimônio histórico da humanidade pela Unesco, gerou críticas internacionais, inclusive dos Estados unidos e da Rússia. Líderes cristãos ortodoxos e acadêmicos também protestaram e há temor de que a decisão vá aprofundar as tensões com a Grécia, que exigia a manutenção do status de museu. A reconversão em mesquita também gera preocupações sobre a preservação do local, já que a transformação do local em museu nos anos 1930 permitiu que muitos dos elementos originais do prédio, como os mosaicos cristãos e o piso original, pudessem voltar a ser exibidos.

A construção da Hagia Sophia, que significa “sabedoria divina” em grego, foi completada em 537 pelo imperador bizantino Justiniano. A vasta estrutura que se sobrepõe ao estuário do Chifre de Ouro e à entrada do Bósforo, era o centro da cristandade ortodoxa e foi durante séculos a maior igreja do mundo.




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