A cidade do Rio de Janeiro ganhou um memorial às vítimas do holocausto. A inauguração do espaço, construído no Morro do Pasmado, em Botafogo, com vista para a Baía de Guanabara, aconteceu neste domingo (13).
O evento reuniu autoridades de governo e representantes da comunidade judaica. Nos discursos, foram lembrados os mais de 6 milhões de judeus mortos sob o regime nazista, durante a Segunda Guerra Mundial.
O ministro Fábio Wajngarten, da Secretaria Especial de Comunicação Social, durante inauguração do Monumento em Memória às Vítimas do Holocausto, no Morro do Pasmado, zona sul do Rio de Janeiro
O secretário especial de Comunicação Social do governo, Fábio Wajngarten, representou o presidente Jair Bolsonaro. Ele lembrou de seus antepassados judeus, que foram aprisionados pelos nazistas.
“Não podemos esquecer as atrocidades do holocausto, neto que sou de sobreviventes do holocausto. A minha avó tinha número tatuado no braço. O que a minha avó contou, eu nunca vou esquecer. Com muita felicidade, participo do governo mais amigo do Estado de Israel”, declarou Wajngarten.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, também compareceu à solenidade. Ele destacou que não se pode ficar indiferente à dor do próximo, citando o escritor Elie Wiesel, sobrevivente do holocausto e ganhador do Prêmio Nobel da Paz.
“O maior perigo da humanidade é a indiferença. Tudo isso ocorreu por força da indiferença. E não relembrar o holocausto significa matar essas pessoas novamente. Esta obra representa uma memória, para que nós não padeçamos desse vício da indiferença. E, pelo contrário, continuemos a manifestar a nossa indignação”, disse Fux.
O governador do Rio, Cláudio Castro, defendeu a tolerância e o respeito entre todos, independentemente das crenças religiosas de cada um. “A sociedade está carente de mais amor. A gente vive, no mundo inteiro, essa questão da polarização. E ela traz o ódio. Isso já levou a sociedade a atos terríveis como o holocausto. Este espaço mostra que a gente tem que olhar para trás e aprender a caminhar novamente no sentido da tolerância e da paz, mesmo discordando”, disse Castro.
O embaixador de Israel no Brasil, Yossi Avraham Shelley, disse que memoriais ao holocausto são necessários para que as novas gerações não esqueçam dos crimes que ocorreram no passado.
“A importância desta obra é para que as pessoas no Brasil e no mundo não esqueçam a tragédia desse momento obscuro que aconteceu na Alemanha nazista, quando foram mortos 6 milhões de judeus. Quando o tempo passa, as pessoas esquecem. As crianças quase já não sabem nada disso. Mas este memorial vai lembrar uma coisa: holocausto nunca mais”, afirmou Shelley.
O projeto – O memorial é um projeto do arquiteto André Orioli. Em abril de 2018, foi assinado o termo de cessão de uso do terreno à Associação Cultural Memorial do Holocausto. Coube à associação a captação de recursos junto à iniciativa privada para a construção do empreendimento, sem ônus aos cofres públicos. A gestão do espaço também cabe à iniciativa privada.
As obras de construção do Memorial começaram em fevereiro de 2019. Em julho de 2020, o entorno ganhou uma área externa com trilhas e bosques. O local, antes abandonado, ganhou vida, para se tornar importante ponto turístico, com área verde e mirante.
O idealizador do memorial foi o então vereador Gerson Bergher, já falecido, representado na inauguração por sua esposa, vereadora Teresa Bergher. O memorial possui um monumento de quase 20 metros de altura, dividido em dez partes, representando os Dez Mandamentos. Em sua base, foi escrita a frase: Não matarás. No total, a estrutura tem 1.624 metros quadrados, com um grande espaço no subsolo dedicada à memória do holocausto, com área para exposições.
O futuro museu oferecerá, a partir de 2021, programação educacional aos alunos das redes pública e privada. O espaço também receberá exposições nacionais e internacionais com temas que dizem respeito à defesa dos direitos humanos, à tolerância e ao humanismo. Ele funcionará em cooperação com outras grandes instituições do gênero, como os memoriais de Jerusalém, Washington e a Casa Anne Frank, em Amsterdã.