Após um século sem uma nova edição, os livros As Artes na Bahia e Artistas Bahianos, de Manuel Querino, foram relançados na tarde desta segunda-feira (9), pelo Selo Castro Alves, da Câmara Municipal de Salvador. O presidente da Casa, vereador Leo Prates (DEM), conduziu o evento realizado no Salão Nobre da Casa.
“Manuel Querino foi o primeiro vereador negro desta cidade, então eu destaco a relevância do relançamento destas obras também por esse aspecto. O resgate dessa obra ficará na história desta Casa”, pontuou o presidente Leo Prates. “A importância desse livro pode ser avaliada também pelos inúmeros pedidos de exemplares que têm chegado a mim”, reforçou o presidente.
Em As Artes na Bahia, o autor mostra quem construiu os principais monumentos e traça a trajetória do trabalho no estado. Artistas Bahianos é como um dicionário com biografias de diversos trabalhadores e artistas. “São obras que retratam não somente a arte nesse período, mas também destacam a produção manufatureira do século XX. As pessoas desconhecem a relevância dessas obras, que não foram reeditadas como os outros cinco livros de Querino”, afirmou a professora e autora da biografia de Querino, Graça Leal, responsável pelo texto de apresentação de Artistas Bahianos.
Selo Castro Alves – A reimpressão dos livros foi feita por meio do Selo Editorial Castro Alves, que tem o objetivo de editar publicações literárias de autores baianos e contribuir para divulgar questões históricas da política, economia, além da diversidade étnica, religiosa, artística e arquitetônica da cultura soteropolitana. A nova edição de As Artes na Bahia e Artistas Bahianos será disponibilizada para universidades e bibliotecas públicas.
O presidente Leo Prates agradeceu e homenageou todos os envolvidos no relançamento. “Eu destaco a importância do vereador Sílvio Humberto, presidente do Selo, para a retomada desta iniciativa, assim como a do jornalista Pacheco Maia para a reeditoração desta obra. O trabalho que eles vêm desenvolvendo tem permitido que esta Casa faça importantes contribuições para a cultura e história de Salvador”, disse Prates.
As obras de Querino são consideradas raras e têm seu valor reconhecido no mercado e meio intelectual. Vereador por dois mandatos no final do século XIX, o autor foi também professor, jornalista, pintor, militante do movimento liberal, líder abolicionista e um dos fundadores da Liga Operária Bahiana e do Partido Operário.
“A Câmara faz um resgate de uma figura ímpar da nossa história. Querino foi tudo e nos mostra que mesmo você não tendo oportunidade, você pode se tornar um ícone. Imaginem se pudéssemos retirar as agruras que ele sofreu, o que ele poderia ter feito. A CMS dá um presente a Salvador ao reeditar sua obra”, disse o presidente da Comissão de Cultura, vereador Sílvio Humberto (PSB).
Manuel Querino dedicou-se à pesquisa das manifestações populares e da cultura afro-brasileira, tendo escrito inúmeros livros sobre o tema, com ênfase na história da Bahia, em artes e costumes. “Ele foi seguramente o primeiro antropólogo da Bahia. Esta Casa presta grande reverência a esse antigo colega ao nomear o Centro de Cultura com seu nome desde 2008. O relançamento destes livros consolida nosso reconhecimento a Manuel Querino”, afirmou o gestor do Centro de Cultura Manuel Querino, vereador Odiosvaldo Vigas ( PDT).
Também participaram do lançamento o presidente da Fundação Gregório de Matos, Fernando Guerreiro; o presidente da Comissão de Reparação, vereador Moisés Rocha (PT); a líder da Oposição, vereadora Marta Rodrigues; o ouvidor-geral, vereador Luiz Carlos Suíca, e a vereadora Aladilce Souza (PCdoB).
Foto: Valdemiro Lopes/CMS