A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, denunciou o ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Admar Gonzaga Neto pelo crime de lesão corporal contra a sua mulher, Élida Souza Matos.
Élida registrou um boletim de ocorrência contra o ministro em junho deste ano, mas retirou a queixa em seguida. O Ministério Público, porém, prosseguiu com o caso.
A denúncia contra Gonzaga foi feita na última terça-feira (14) e confirmada ao UOL nesta quarta-feira (15) pela PGR. Os detalhes da denúncia ainda não foram divulgados.
Como Gonzaga é ministro do TSE e detentor de foro privilegiado, a denúncia tramitará no STF (Supremo Tribunal Federal). Ela ainda precisa ser aceita no tribunal para que Gonzaga se transforme em réu.
Enxaguante bucal – O caso denunciado pela PGR teria ocorrido em junho. Em seu depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal, Élida contou que, durante uma discussão, o ministro despejou enxaguante bucal em seu corpo e que empurrou seu rosto com as duas mãos.
Além disso, disse que o ministro a agrediu verbalmente xingando-a de “prostituta”, “vagabunda”, “escrota” e que dizendo que sua mulher não “vale” o que ele “representa”. Ainda em seu depoimento, Élida afirmou que o ministro disse que ela “não serve nem para pano de chão”.
Élida disse que, além das agressões físicas e verbais, ainda sofreria “pressão psicológica”, pois, como é dona de casa e depende financeiramente de Gonzaga, ela a “subjuga, valendo-se do seu status de ministro do TSE”. Élida disse ainda que o ministro seria “bastante agressivo”.
Em documento enviado ao STF em outubro, Admar Gonzaga negou as acusações de que teria agredido a mulher e disse que, em vez de ter sido agredida, ela teria “escorregado” no enxaguante bucal durante uma discussão.
No mesmo documento, Admar admitiu ter empurrado a esposa, mas não para agredi-la, mas para se defender, e anexou fotos que mostrariam que ele também teria se machucado durante a discussão.
Admar Gonzaga é advogado especialista na área eleitoral e foi nomeado como ministro titular do TSE pelo presidente Michel Temer (PMDB), em abril deste ano. Ele foi o mais votado de uma lista tríplice enviada pelo STF.
A reportagem do UOL tentou fazer contato com o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que atua na defesa de Gonzaga, mas até a publicação deste texto, ele não havia se posicionado sobre o caso.