Conscientizar as crianças sobre a importância do cuidado com o meio ambiente é o principal objetivo do projeto Mata Atlântica, realizado pelos alunos da Rede Municipal de Salvador e que foi aberto oficialmente na quinta-feira (7), no Subúrbio 360, no bairro de Coutos.
Iniciativa da Secretaria Municipal de Educação (Smed), o projeto traz um conjunto de intervenções artísticas realizadas pelos estudantes de todas as unidades de Escola Laboratório (Escolab) de Salvador, com o objetivo de conscientizar a comunidade escolar sobre a importância da preservação desse bioma composto por florestas e ecossistemas, que corresponde a 15% do território brasileiro. A próxima apresentação do grupo está prevista para o próximo dia 13 de junho, no próprio Subúrbio 360.
O evento, idealizado pela diretoria pedagógica da Smed, foi realizado com apresentações nas áreas de artes plásticas, dança, poemas, canto e teatro. “É importante destacar que nós utilizamos o consumo sustentável, basicamente papel, papelão e cola na produção das peças. Isso contando com total interesse e empenho dos alunos na produção das atividades, que se animaram ao ver do simples papel sair um animal da nossa fauna brasileira. Antes, fizemos todo um trabalho de base para mostrar pra eles as espécies nativas da Mata Atlântica, assistimos a vídeos dos protetores da natureza. Foi um trabalho danado, mas valeu a pena”, afirmou a professora de jogos e linguagem, Ivana Magalhães.
O professor Anativo Oliveira, professor de Artes Cênicas e Teatro no Subúrbio 360, contou que, além da composição cênica, os alunos também se viram envolvidos no primeiro semestre com a produção do espetáculo teatral. “Criamos uma sistematização de pesquisa para definirmos como poderíamos falar sobre a Mata Atlântica, tendo Salvador como mote, e identificamos que uma parte dessa mata está no Subúrbio Ferroviário, bem perto de nós, como no Parque São Bartolomeu. Concluímos que, como são crianças, a melhor forma de fazer essa abordagem seria através dos índios, os curumins, os verdadeiros donos da terra. Através disso, conseguiríamos despertar o olhar crítico sobre a preservação do verde e do meio ambiente.”
Construção da peça – O espetáculo reúne cerca de 30 crianças no palco, que se dividem entre o texto narrativo e a parte coreográfica. “O texto traz de forma didática o conceito e a necessidade de preservação do verde através de dois momentos. No primeiro, o índio pede ajuda para a preservação. Posteriormente, as meninas trazem à cena a força das mulheres, quando trazem a solução para esse problema, replantando a mata que está sendo devastada”, detalha Oliveira.
Já a parte de dança ficou sob a responsabilidade de duas professoras da área no Subúrbio 360: Thai Lopes e Thamires de Almeida, que compuseram a coreografia aos poucos, em consonância com as demais áreas e à medida que os ensaios foram acontecendo. Segundo Thai, o processo foi desafiador. “É um aprendizado que não é só deles, é nosso também. Isso porque as crianças do Subúrbio 360 têm potenciais incríveis, mas precisamos despertar o tempo todo com a disciplina para conseguir a concentração e o bom desenvolvimento. E quando você o resultado, vê eles fazendo tudo certo, se dedicando, felizes, fazendo tudo certinho, é duplamente compensador.”
Toda a trilha sonora foi pensada de acordo com os elementos da natureza e, de acordo com a professora Thamires de Almeida, a composição coreográfica foi focada nas tradições indígenas. “Focamos mesmo nos índios, primeiros habitantes do Brasil e que até hoje moram e lutam pela preservação da Mata Atlântica”.
O aluno Matheus Henrique, matriculado no 5º ano na rede municipal, participou do espetáculo e entendeu bem o cuidado que se deve ter com o meio ambiente. “Eu interpretei Arooni na peça, o rei das florestas. Eu entendi que a gente precisa cuidar das folhas, das flores e não jogar lixo nos rios, pra continuar tudo bonito”, concluiu.
Foto: André Carvalho/SMED