Pelo menos 90 hotéis encerraram suas atividades nas principais capitais do país nos últimos quatro anos, segundo a Abih (associação do setor). Os casos mais graves foram em Belo Horizonte e Salvador, que tiveram, respectivamente, 23 e 21 unidades fechadas.
“A ocupação teve uma pequena melhora recentemente, mas o faturamento ficou mais baixo. Para muitos hoteleiros, a conta não fecha”, afirma Manoel Linhares, presidente da Abih Nacional, para a coluna Mercado Aberto da Folha.
A crise foi uma combinação de superoferta, queda dos preços, desaquecimento do turismo devido à recessão e concorrência de serviços de hospedagem, diz Alexandre Sampaio, presidente do conselho setorial ligado à CNC (confederação do comércio).
“Como no Brasil falta um mecanismo de financiamento para empreendimentos hoteleiros, foi criada a figura de investimentos em condo-hotéis [em que são vendidas cotas a investidores]”, afirma.
“É um modelo que cresceu muito no Brasil e alavancou a oferta por falta de mecanismos que equilibrem com a demanda, sobretudo em capitais onde a expansão foi calcada em uma visão do mercado imobiliário, não do hoteleiro.”
Embora todas as regiões e categorias de negócio tenham sofrido com a redução das diárias médias nos últimos anos, os mais impactados foram hotéis independentes e de pequeno porte, diz Orlando de Souza, diretor-executivo do Fohb (fórum do setor).
“Quando há uma expansão exagerada, a primeira onda de enxugamento da oferta atinge os equipamentos mais defasados, que não têm fluxo de caixa para se modernizar e manter a operação deficitária por seis meses ou um ano.”