“Diante dos atuais problemas enfrentados pelas universidades estaduais baianas por conta do contingenciamento financeiro e dos ataques aos direitos trabalhistas, não tenho como não me envolver nas mobilizações e fortalecer o sindicato. A luta deve ser de todos nós”. Esta afirmação bem que poderia ser de um docente há tempo na Uefs; mas pertence ao jovem Thiago da Silva Santana, 31 anos, empossado no dia 5 deste mês. Lotado no Departamento de Saúde (Dsau), o servidor já procurou a sede da Adufs para filiar-se. O professor, juntamente com outros novos e antigos colegas de profissão da instituição, endossou o protesto realizado nesta quinta-feira (27), em frente à Prefeitura de Feira de Santana.
Segundo a Adufs, as universidades estaduais da Bahia vivem o maior arrocho salarial dos últimos 20 anos, além do desrespeito aos direitos trabalhistas, o subfinanciamento das universidades e o não pagamento da reposição inflacionária aos servidores. Todos os ataques são impostos pelo governo do Estado. O grupo de samba de roda União do Samba reforçou a mobilização.
A diretoria da Adufs serviu aos docentes e transeuntes um almoço, que teve em seu cardápio um Caruru pela educação pública. Os professores das demais instituições estaduais baianas também organizaram atos públicos. Somente na Uneb não houve a suspensão das atividades. A mobilização integra o Dia Nacional de Lutas, organizado pelo ANDES-SN.
Segundo dados da Assessoria Técnica e de Desenvolvimento Organizacional da Uefs (Asplan), de janeiro a setembro deste ano, R$ 17 milhões não foram repassados para a verba de manutenção e investimento. Se contabilizado por minuto, o valor que deixou de ser enviado à instituição soma R$ 44,25. O contingenciamento de recursos, até este mês, nesta rubrica, é de quase 30%. Segundo a entidade, ensino, pesquisa, extensão e permanência estudantil estão seriamente prejudicados.
Direitos trabalhistas – Mas, não só o orçamento das universidades é prejudicado pela severidade do ajuste fiscal do governo. De acordo com estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a categoria docente vive o maior arrocho salarial dos últimos vinte anos.
De acordo com a Adufs, o governo Rui Costa tem imposto uma dura política de desvalorização dos servidores públicos. São quase quatro anos sem reposição inflacionária. Para recompor a perda correspondente, o reajuste necessário é de 21,1%.
Além de não repor a inflação, os direitos trabalhistas dos professores das universidades estaduais também não são cumpridos. Nas quatro instituições, centenas de professores aguardam promoção, progressão e mudança de regime na carreira. O movimento docente diz ter tentado todas as formas de negociação, mas o governo segue inflexível.
Foto: Divulgação/Adufs