“O caminho para a volta da pujança do Carnaval de Salvador é o resgate das origens da festa”. A reflexão é do presidente da Comissão Especial do Carnaval da Câmara Municipal de Salvador, vereador Moisés Rocha (PT). Os rumos da maior festa popular do planeta serão debatidos em duas audiências públicas que serão realizadas no auditório do Centro de Cultura da Casa, nos próximos dias 22 e 23, das 8h às 18h. Os eventos são promovidos pelo Conselho Municipal do Carnaval de Salvador (Comcar).
De acordo com Moisés Rocha, “em 2018 tivemos um Carnaval fraco, pois cerca de 40 % dos blocos deixaram de desfilar. E, em alguns dias, essa redução de entidades carnavalescas nos circuitos Dodô e Osmar foi de cerca de 70%”, pontuou.
Segundo o parlamentar, os principais circuitos tiveram poucas atrações e houve um grande hiato entre as apresentações dos artistas. “A falta de apoio e patrocínio é um dos grandes problemas apontados pelo paramentar para o esvaziamento do Carnaval”, diz.
As dificuldades têm início, de acordo com ele, desde o começo da alta temporada. “Precisamos resgatar a tradição dos ensaios de blocos nos bairros que antecediam o Carnaval de Salvador. As tradicionais lavagens também não resistiram à falta de incentivo e hoje só contamos com as festas de Itapuã, Bonfim e do Rio Vermelho”, avaliou.
Ele acredita que a reversão desta realidade deve ser um dos focos das audiências públicas. “As atrações sem cordas são importantes para a democratização da festa de Momo, mas os blocos também são muito relevantes e eles estão acabando”, frisou. De acordo com o vereador, antes a direção de um bloco gerava emprego e renda investido na infraestrutura da agremiação. “Agora, os artistas com notoriedade abaixam as cordas e são patrocinados pelo poder público”, afirmou.
Blocos afro – Segundo Moisés Rocha, ao mesmo tempo em que os blocos afro, afoxé e de índios têm grande dificuldade para manter a tradição dos seus desfiles, as grandes empresas preferem comprar grandes cotas de patrocínio da Prefeitura.
“O turista vem a Salvador também para assistir aos artistas renomados, mas eles têm uma grande curiosidade para acompanhar os desfiles das entidades que construíram as bases culturais do Carnaval de Salvador, como o Ilê Aiyê, Malê Debalê, Olodum e Filhos de Gandhy, por exemplo”, frisou o parlamentar. Entretanto, ele aponta a grande dificuldade de patrocínio que estas entidades carnavalescas enfrentam.
Moisés Rocha também afirmou que a Comissão Especial do Carnaval do Legislativo de Salvador vem participando ativamente de encontros com representantes de diversos segmentos que atuam na festa de Momo. “Estivemos, recentemente, no Rio de Janeiro, em um evento denominado Carnavália Sambacom, onde trocamos experiências com representantes de setores que atuam em outros carnavais realizados pelo Brasil afora”, argumentou.