O carregamento de uma carga piloto para exportação do algodão produzido no Oeste da Bahia saiu via Porto de Salvador (BA), com o objetivo de calcular os custos e benefícios para a propósito de diminuir a pressão sobre o Porto de Santos. Isto porque, em períodos de pico de safra, por ser destino final de 90% da produção brasileira de algodão, conforme dados da Associação Brasileira de Algodão (ABRAPA), o Porto de Santos fica sobrecarregado, provocando frequentes atrasos no embarque por falta de contêineres e caminhões para transportes da carga.
“Este teste não só valida como garante que há infraestrutura necessária para que Salvador seja a porta de saída do algodão de imediato. Com retroárea adequada e a capacidade de atendimento do porto, conseguimos, de forma integrada, dar competitividade as exportações para Europa e Oriente Médio. Para a próxima safra, associar a esta infraestrutura um serviço direto a Ásia tornaria o porto de Salvador a melhor opção para exportação de algodão do MATOPIBA (acrônimo referente às áreas agrícolas de Cerrado nos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia)”, explica o gestor comercial do Terminal de Contêineres (TECON) do Porto de Salvador, Guilherme Dutra, que acompanhou toda a operação.
A logística e organização da operação teve início em 2016, com uma série de encontros entre representantes da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (ABAPA), da XinguAgri, da Louis Dreyfus Company; da Mediterranean Shipping Company (MSC); e do Grupo Wilson Sons, operador do TECON do Porto de Salvador. O representante da Louis Dreyfus Company, Brenno Queiroz, considerou o teste piloto bem-sucedido. “Para os próximos testes, a ideia é aumentar a capacidade de embarque para entender o que deve ser melhorado, como, por exemplo, quantidade de contêineres e de carretas, mas, também, o que pode ser melhorado em relação aos custos do frete marítimo, comparado ao que já é operado atualmente em Santos”, afirma.
MATOPIBA – A ideia de criar novas rotas com frequência regular nos portos das regiões Norte e Nordeste do país e relocar para estes a produção do MATOPIBA vem sendo estudada pelos produtores de algodão há algum tempo. “Hoje, de 1,6 milhão de tonelada de pluma que o Brasil produz, cerca de 800 mil toneladas abastecem o mercado interno e o restante é exportado, principalmente, para a região Sudeste da Ásia. Como não há expectativa de um aumento considerável do consumo no mercado interno, para o setor algodoeiro nacional crescer é imperativo exportar. Mas o comprador quer ter segurança de que terá o algodão na hora e no lugar certos”, observa o presidente da ABAPA, Júlio Busato.
De acordo com o levantamento de intenção de plantio da Associação Brasileira de Algodão (ABRAPA), para 2017/2018, o MATOPIBA deve produzir em torno de 575 mil toneladas de pluma. Deste total, cerca de 60% deverá ser destinado para o mercado externo.