Madre Vitória da Encarnação morreu no Convento de Santa Clara do Desterro, no bairro de Nazaré, aos 54 anos, em 19 de julho de 1715. Há 300 anos, quando nascia para os céus, defendem os religiosos, Vitória foi vista voando pelos corredores do mosteiro em forma de passarinho, bem durante o rito das exéquias, o ritual de velório.
Salvo outros mistérios narrados na biografia de autoria do então arcebispo da capital baiana, Dom Sebastião Monteiro da Vide, não há informações concretas, ainda hoje, de como morreu a madre. O detalhe, além de dons sobrenaturais citados na obra, é objeto do estudo que compõe o processo de beatificação da soteropolitana. A causa está autorizada pelo Vaticano e será oficialmente aberta pela Arquidiocese de Salvador nesta terça-feira (19).
O reconhecimento da freira como santa não vai seguir o ritmo da canonização de Santa Dulce dos Pobres, terceira mais rápida da Igreja Católica – atrás apenas de João Paulo II e Madre Tereza de Calcultá. Primeiro porque há apenas a perspectiva de Dom Sebastião sobre a vida da religiosa. Depois, pela impossibilidade de convocar outros que conviveram com ela no Brasil Colônia, ambientado na segunda metade do século 17, explica o arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger.
Pode ser que Vitória nunca vire santa. E pode ser que seja canonizada daqui a mais 300 anos. O obstáculo que perpassa a comprovação da santidade, contudo, foi parte do que instigou Krieger a solicitar o pedido de reconhecimento à cúpula do Vaticano, em 2016.
“Talvez ela não seja canonizada. É algo que não é certo acontecer. Mas que seja conhecida. Quem sabe se torne uma venerável”, diz o arcebispo, ao citar outro título canônico.