Dezenove painéis produzidos pelo artista plástico argentino Carybé (1911-1997) serão tombados em cerimônia no Forte de São Diogo, na Barra, nesta sexta-feira (24). Dessa forma, as pinturas, que estão distribuídas em vários imóveis pela cidade, se tornam definitivamente patrimônio cultural do município e estão protegidas por lei.
A iniciativa de tombamento da obra de Carybé partiu do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural a partir do mapeamento de painéis artísticos e murais de Salvador que a professora Neila Maciel realizou em 2009. A grande produção de painéis em edifícios da cidade nas quais o artista privilegiou imagens da identidade local foi a razão para a obra de Carybé ser escolhida pela FGM.
Nascido na argentina, Héctor Júlio Páride Bernabó, Carybé, adotou a Bahia como sua própria terra. Aqui, fez carreira e grandes amizades como a do escritor Jorge Amado, para quem ilustrou alguns livros com desenhos de traços que podem ser facilmente reconhecidos “numa simples olhada”, como ressaltou o presidente da FGM Fernando Guerreiro.
“Carybé, embora fosse argentino de nascimento, era baiano de coração e conseguiu retratar uma Bahia tão ricamente profunda como, talvez, muitos baianos natos não consigam. Ele atingiu uma essência e uma identidade tão grandes que você consegue identificar seus painéis numa primeira olhada”, afirmou.
Guerreiro ainda destacou que tombar os painéis é uma forma de resguardar o patrimônio cultural e artístico da cidade, uma vez que eles se encontram em edifícios particulares, alguns sem preservação.
“Percebemos o risco de muitos desses painéis se perderem. Nem todos os proprietários dos edifícios têm o cuidado necessário para proteger essas obras de arte, feitas por uma artista mundialmente conhecido”, pontuou.
Para Solange Bernabó, filha de Carybé, o tombamento representa o cuidado da prefeitura para com a arte e, em especial, com o legado de seu pai. Segundo disse, essa iniciativa “cuida do patrimônio da cidade, e quanto mais isso ocorrer, tanto melhor será para a preservação de nossa identidade cultural”.
Solange ainda revelou que os painéis eram a forma preferida de pintura para seu pai. Segundo ela, Carybé preferia pintar os murais porque “eles poderiam ser vistos por qualquer pessoa, por terem essa característica de serem arte pública”.
Os painéis podem ser vistos em prédios como o Teatro Castro Alves, Fundação Casa de Jorge Amado e o Edifício Bráulio Xavier, entre outros. A prefeitura tem planos de fazer um circuito oferecendo um mapa com a localização de todos os painéis.