O monitoramento participativo realizado pelo projeto Rede de Maré, em parceria com a Braskem, promove o raio-x da pesca em Ilha de Maré, na Baía de Todos-os-Santos. O levantamento, que conta com a participação efetiva da comunidade local, mensura a quantidade e tipos de pescados capturados na região. Os dados coletados pela iniciativa inédita são utilizados para mapear as áreas com maior incidência de pescado, otimizando o trabalho dos pescadores das comunidades de Bananeiras, Botelho, Martelo e Praia Grande.
O diagnóstico, iniciado em 2015, permite conhecer de forma mais precisa o estágio atual da pesca na região, elencando oportunidades e possíveis vulnerabilidades, além de possibilitar a implantação de medidas de manejo, gerenciamento participativo da pesca e educação ambiental nas comunidades da Ilha de Maré.
Para Alessandra Silva, secretária executiva do Instituto de Pesca Artesanal de Ilha de Maré (IPA), o monitoramento é fundamental para dimensionar essa atividade. “Esse levantamento contribui não só para um melhor entendimento da pesca artesanal, já que identifica o quanto é produzido e os tipos de mariscos mais comuns na região, mas também ajuda a fundamentar projetos construídos a partir dos dados coletados”, pondera.
Fundador da Ong PRÓ-MAR, Zé Pescador, que atua há 20 anos na Baia de Todos-os-Santos, pontua que esse “Censo” da atividade pesqueira é um instrumento para a comunidade propor políticas públicas. “A organização dos dados promove uma discussão mais madura, o que facilita o encaminhamento das demandas e diálogo com todos setores da sociedade, incluindo poder público e indústria, buscando a sustentabilidade e o equilíbrio das atividades econômicas da região”.
Além de monitorar o trabalho dos pescadores, a iniciativa contribui na conservação da biodiversidade da Ilha de Maré, já que os dados coletados permitem identificar possíveis impactos ambientais com mais agilidade, otimizando o combate aos possíveis danos.
Entre as ações que já foram implementadas pelo projeto, estão a sensibilização da comunidade para as questões ligadas à conservação dos ecossistemas e plantas de Ilha de Maré; ampliação do conhecimento acerca de temas ligados diretamente ao meio ambiente em que vivem, assim como, à legislação sobre o cadastramento e acompanhamento do pescador artesanal junto aos órgãos responsáveis.
No âmbito da educação, o projeto Rede de Maré já promoveu oficinas de formação de agentes ambientais e lideranças para gestão de pesca artesanal, beneficiando 154 pescadores e marisqueiras e 269 crianças, entre 3 e 12 anos, que participaram de atividades lúdicas e educativas.
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