Salvador ganha um pacote de medidas de incentivo à educação, promovidas pela Prefeitura, para dar continuidade ao processo de aprendizado dos alunos da rede municipal, que tiveram as aulas presenciais suspensas devido à pandemia provocada pela Covid-19. As medidas foram anunciadas pelo prefeito ACM Neto em coletiva virtual realizada nesta segunda-feira (22), com as presenças do vice-prefeito Bruno Reis e do secretário da Educação (Smed), Bruno Barral.
São quatro iniciativas que não apenas dão força ao processo educacional público de Salvador durante a suspensão das aulas em razão da crise da Covid-19, como terão reflexos no pós-pandemia. São elas: a transmissão de aulas em canal aberto de televisão, a oferta de banda larga para uso educacional de cerca de 33 mil alunos, a distribuição de tablets para escolas de Fundamental II e Educação de Jovens e Adultos II (EJA II), a implantação da plataforma digital de leitura “Árvore de Livros” e a parceria com centros universitários para a efetivação de ações multidisciplinares durante e pós pandemia.
O prefeito explicou que o pacote de medidas foi estruturado de forma a suprir um pouco os efeitos da situação provocada pelo novo coronavírus na educação. “Sabemos que são muito desiguais as condições entre os alunos da rede particular e da rede pública. Em geral, os alunos da rede particular já estão tendo aulas há algum tempo pela internet, pois possuem condições para isso. No caso da rede pública, isso infelizmente não acontece. No entanto, hoje a Prefeitura chega para recuperar uma parte desse tempo e dar condições para que os estudantes voltem mais aquecidos, incentivando também a leitura e acompanhando as famílias nesse momento de muitos problemas e, depois, de superação da pandemia com a retomada do calendário letivo”.
O gestor lembrou ainda que já havia sido lançada, em maio passado, uma plataforma digital voltada para os alunos do Ensino Fundamenal II e EJA para transmissão de conteúdo pedagógico e educacional on-line. “No entanto, sabemos que poucos são os alunos que têm acesso à internet em Salvador em função da renda: muitos não têm celular ou o pacote limitado de dados, o que impede uma navegação mais ampla e que tenham acesso ao conteúdo. Sendo assim, foi feito um grande esforço e, através de licitação, a grande novidade é o oferecimento de aulas pela TV aberta, cujo acesso é muito mais amplo para os alunos”, salientou ACM Neto.
Aulas pela TV – A transmissão de videoaulas em canal aberto de televisão para alunos da rede municipal está sendo viabilizada por contrato entre o município e a TV Aratu – empresa vencedora do processo de licitação. Os conteúdos escolares serão transmitidos a partir do próximo dia 30 em dois multicanais digitais próprios (4.2 e 4.3), com horário estabelecido para cada segmento: Ensino Fundamental II (do 6º ao 9º ano) e Educação de Jovens e Adultos – EJA II. As aulas, inclusive, já estão sendo gravadas pelos professores.
Um canal será direcionado aos alunos do 6º e do 7º ano e também aos educandos da EJA II (TAP IV) e o outro para os estudantes do 8º e 9º ano e da EJA II (TAP V). São aulas de língua portuguesa, matemática, língua estrangeira, geografia, ciências, artes, história e educação física ministradas pelos professores da Rede Municipal, seguindo o programa pedagógico próprio de Salvador, o Nossa Rede.
Para o Ensino Fundamental II, serão transmitidas cinco aulas diárias no turno da manhã, com reprise à tarde, e para a EJA II são três aulas no turno da noite. O cronograma das aulas está disponível no site da Smed, no endereço www.educacao.salvador.ba.gov.br.
Acesso à internet – Os estudantes também serão beneficiados com o fornecimento de banda larga para fortalecer o acesso às aulas que vêm ocorrendo através de plataforma virtual, em uma parceria com a Escola Mais – instituição de São Paulo que é referência em ensino digital para o segmento. Uma empresa de telefonia está sendo contratada via licitação para o fornecimento de serviço de internet de 33 mil chips 4G/3G para acesso à internet, cujo uso será restrito ao conteúdo constante de um aplicativo desenvolvido pela equipe do Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI/Smed).
Com os chips, o acesso à internet se dará pelo aplicativo da Smed, instrumento que proporcionará o uso adequado da tecnologia, bem como a medição correta do volume de uso de dados. Os alunos poderão assistir às aulas e interagir com os professores pela plataforma Escola Mais.
Para intensificar mais esse trabalho, serão distribuídos, ainda, dois tablets com chips de banda larga para cada escola municipal que ofereça o Ensino Fundamental II e a EJA II. Com isso, a equipe gestora dessas unidades de ensino poderão reforçar a comunicação com os alunos e as famílias, principalmente no suporte à utilização da plataforma Escola Mais, bem como ao acompanhamento do acesso às aulas, dando mais efetividade à ferramenta educacional.
Plataforma de leitura – Outra iniciativa a ser anunciada é a implantação na Rede Municipal de Ensino da plataforma digital de leitura “Árvore de Livros”, que atenderá todos os alunos do Ensino Fundamental Anos Finais. Viabilizada através de um termo de prestação de serviço não remunerado, a ferramenta disponibilizará um acervo de mais de 30 mil títulos para os estudantes e respectivos professores pelo período de cinco meses.
Com uma apresentação clara, recursos gamificados e de fácil navegação, a plataforma traz um amplo rol de utilização pelos professores para o incentivo à leitura. Além disso, permite o acompanhamento individual de desenvolvimento da leitura dos alunos, assim como do acesso aos livros, do tempo gasto e do ranking de leitura.
Apoio psicológico – A Prefeitura, através da Smed, também estabelecerá parcerias com universidades para a efetivação de ações multidisciplinares durante e pós-pandemia, que envolverão pedagogos, psicólogos, assistentes sociais, entre outros profissionais. A ideia é implementar ações de apoio e orientação multidisciplinar para acolhimento socioemocional da comunidade escolar: alunos, familiares, professores, coordenadores e funcionários.
“A proposta é estudar o assunto a fundo, envolvendo a comunidade científica das universidades e os saberes da Nossa Rede, para entender cada nuance desse momento e construir ações de apoio efetivo, que fortaleçam o sistema educacional e acolham todas as pessoas diretamente ligadas à comunidade escolar diante dessa nova realidade dura e cheia de desafios. Queremos que nossos alunos tenham todo apoio para continuarem seus estudos e que nossas escolas estejam cada vez mais respaldadas e fortalecidas”, assinalou Bruno Barral.
Para isso, serão implantados serviços de acolhimento em 23 espaços distribuídos nas dez gerências regionais de Educação. As atividades, a serem realizadas nas áreas de psicologia, pedagogia e serviço social, vão envolver 30 profissionais e 500 estagiários, beneficiando 143 mil alunos e familiares, além dos 12 mil profissionais da educação.
A dinâmica envolve lives, rodas de conversa, seminários, videoaulas, plantões psicológicos, oficina de psicoeducação e os atendimentos tanto individuais quanto psicológicos, além de representação emocional através da arte. As ações serão realizadas em duas etapas: durante e pós-pandemia.
No período atual, as ações envolvem live sobre o tema “Gestão das emoções e autocuidado” e rodas de conversa on-line para os profissionais da educação. Também será oferecido plantão psicológico, que consiste em atendimento por telefone para a equipe gestora e professores em sofrimento, crise e/ou surto.
Já o Semanário das Emoções envolve atividade de desenho e escrita para representação emocional através da arte. Lives serão promovidas para estimular os alunos a expressar as emoções vividas durante a pandemia, e para orientar o professor na análise dos semanários produzidos pelos alunos.
Além disso, serão promovidas quatro lives sobre o tema “Saúde em tempos de pandemia”, e mais uma de formação continuada sobre elaboração de videoaulas e uso de motodologias/recursos de intereatividade com os alunos. As ações envolvem, ainda, busca ativa de famílias ausentes com regularidade na entrega das cestas básicas e atividades pedagógicas de alunos em situação de vulnerabilidade social ou violação de direitos, e acolhimento remoto para alunos e familiares visando a garantia de acesso às políticas públicas.
Retorno – Para o retorno às aulas, que ainda depende do cenário da Covid-19 na cidade, as ações de apoio englobam a formação continuada presencial sobre como analisar o Semanário das Emoções, e rodas de conversa para estímulo da expressão e compartilhamento das emoções, mapear condições emocionais dos profissionais e estímulo ao autocuidado. Serão promovidas videoaulas sobre o tema “Saúde em tempos de pandemia” e iniciado o Serviço de Atendimento Psicológico nas gerências regionais.
Haverá, ainda, busca ativa de famílias ausentes com regularidade e de alunos em situação de vulnerabilidade social ou violação de direitos, em articulação com os Agentes da Educação. Também será feita articulação com representações locais dos centros de Referência e Assistência Social (Cras), de Referência Especializado em Assistência Social (Creas) e de Atendimento Psicossocial (Caps), no sentido de aproximar e fortalecer a relação da educação com as demais políticas sociais e organizações do terceiro setor, estabelecendo parcerias para facilitar o acesso da comunidade escolar a estes serviços e entidades.
Foto: Max Haack/Secom-PMS