Morreu no fim da noite desta terça-feira (24), o ex-governador de Sergipe João Alves Filho, aos 79 anos. Ele estava internado em estado grave desde a semana passada no Hospital Sírio Libanês, em Brasília, após sofrer uma parada cardíaca em casa no dia 18. A informação foi confirmada pela família.
João Alves recebeu os primeiros atendimentos ainda no apartamento, onde morava com a esposa e senadora Maria do Carmo Alves (DEM), e já recebia cuidados intensivos, por estar com um quadro avançado de Alzheimer. No sábado, ele foi diagnosticado com Covid-19. Em seguida, a família disse que o quadro de saúde era “clinicamente irreversível”, e que ele estava com as funções renais paralisadas e sedado, respirando com ajuda de aparelhos.
O corpo do político será cremado no Cemitério Jardim Metropolitano, em Valparaíso de Goiás, a 40 minutos de Brasília. Além da esposa, ele deixa três filhos e quatro netos.
Trajetória – João Alves Filho nasceu no dia 3 de julho de 1941, em Aracaju. Engenheiro civil, ele iniciou a trajetória política aos 20 anos, quando estudava na Universidade Federal da Bahia (UFBA) e foi membro da Juventude Universitária Católica (JUC).
De volta a Sergipe, trabalhou com o pai em uma construtora da família. Assumiu a Prefeitura de Aracaju (1975-1979) como prefeito biônico, de forma indireta, apoiando a Ditadura Militar, durante o governo de José Rollemberg Leite no estado. Foi ministro do Interior do Brasil, entre os anos de 1987 a 1990. Governou o estado de Sergipe por três mandatos [1983 a 1986, 1991 a 1994 e 2003 a 2006]. Em 2012, foi eleito prefeito de Aracaju, exercendo a função de 2013 a 2016.
A formação em engenharia civil contribuiu para que obras relevantes fossem realizadas durante a sua administração pública. No governo do estado, construiu a Orla da Atalaia e a ponte Aracaju/Barra dos Coqueiros. Na prefeitura, revitalizou o Calçadão da Praia Formosa, na Treze de Julho.
João Alves também publicou vários livros, a maioria sobre causas ambientais, e desde 1993 era membro da Academia Sergipana. Durante sua carreira, ele foi reconhecido por ser um grande defensor da região Nordeste, e lutar contra a transposição do Rio São Francisco, tema de seu último livro. Na luta pelos sertanejos, ficou popularmente conhecido como ‘Chapéu de Couro’.
O governo do estado, a Prefeitura de Aracaju e a Assembleia Legislativa decretaram luto oficial de três dias pela morte do político. O governador Belivaldo Chagas (PSD) colocou o Palácio Museu Olímpio Campos à disposição da família.
“O ex-governador João Alves, sem dúvida alguma é uma das mais importantes referências políticas que temos no nosso estado. João Alves foi especial para Sergipe e realizou obras importantes para o povo sergipano. Estivemos em campos opostos ideológica e politicamente, mas sempre nos tratamos de maneira respeitosa. Tivemos uma relação institucional muito saudável. Seu legado será lembrado com apreço e respeito”, disse Chagas.
O prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira (PDT), pra quem João Alves passou o cargo, escreveu em uma rede social a despedida ao político. “Sempre estivemos em lados diferentes, mas jamais deixei de ter respeito por ele e pelo imenso legado que edificou em nosso estado. João realizou importantes obras e contribuiu efetivamente para o progresso de Sergipe”.