O presidente Jair Bolsonaro atacou, sem citar nomes, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux e Alexandre de Moraes, durante discurso que fez nesta terça-feira (7) em Brasília, diante de milhares de apoiadores que tomaram a Esplanada dos Ministérios. “Não podemos continuar aceitando”, disse, afirmando que não vai acatar decisões “fora das quatro linhas da Constituição”.
“Não podemos continuar aceitando que uma pessoa específica da região dos Três Poderes continue barbarizando a nossa população. Não podemos aceitar mais prisões políticas no nosso Brasil. Ou o chefe desse poder enquadra o seu ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”, disse Bolsonaro. O recado é para Fux, presidente do STF, e Alexandre de Moraes, que tem tomado decisões contra bolsonaristas envolvidos em atos antidemocráticos.
As milhares de pessoas na plateia responderam à fala com gritos de “eu autorizo”, apoiando uma possível tomada de poder de Bolsonaro.
“Nós todos aqui na Praça dos Três Poderes juramos respeitar a nossa Constituição. Quem age fora dela se enquadra ou pede para sair”, acrescentou Bolsonaro.
Bolsonaro falou após uma solenidade de hasteamento da bandeira por conta do Sete de Setembro. Ele estava em um carro de som ao lado dos ministros da Defesa, Walter Braga Netto, e da Cidadania, Onyx Lorenzonni.
Conselho da República – Mais cedo, o presidente da República, Jair Bolsonaro, disse que haverá na quarta-feira, 8, uma reunião desse colegiado, com presença de Lira, Pacheco e Fux. “Amanhã estarei no conselho da República juntamente com ministros para nós, juntamente com presidente da Câmara, Senado e do Supremo Tribunal Federal, com esta fotografia de vocês, mostrar para onde nós todos devemos ir”, disse Bolsonaro.
O Conselho da República é regulado pela Lei 8.041/1990 e é um órgão superior de consulta do presidente da República, reunido por convocação do chefe do Executivo.
A esse colegiado cabe pronunciar-se sobre intervenção federal, estado de defesa, estado de sítio ou “questões relevantes para a estabilidade das instituições democráticas”.
O Conselho é presidido pelo presidente da República e dele também participam o vice-presidente, os presidentes da Câmara e do Senado, os líderes da maioria e da minoria de ambas as Casas, o ministro da Justiça e seis cidadãos brasileiros natos com mais de 35 anos (Presidência, Câmara e Senado nomeiam cada um dois cidadãos). Pela lei, o presidente do Supremo não integra o conselho, mas pode ser convidado para suas reuniões.
À tarde, Bolsonaro vai participar do ato, que vem convocando há algum tempo, na Avenida Paulista, em São Paulo. Ele prometeu que fará um discurso mais “enérgico” na cidade.