Uma cidade com vários pontos turísticos invadidos ou submersos pelo mar. É assim que Salvador pode ficar daqui a 78 anos, de acordo com o cenário previsto pela agência Climate Central e projetado na exposição Salvador 2100, que será lançada domingo (5), Dia Mundial do Meio Ambiente, no piso L2 do Salvador Norte Shopping.
A mostra com acesso gratuito é organizada pela Comissão Especial de Emergência Climática e Inovação da Câmara Municipal de Salvador junto às redes internacionais C40, Fundação Konrad Adenauer, GIZ, ICLEI e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). No Legislativo Municipal, o colegiado é presidido pelo engenheiro ambiental e vereador André Fraga (PV), que destaca a importância do debate.
“A capital baiana tem cerca de 50 quilômetros de orla que já estão sentindo os efeitos das mudanças climáticas com ressacas cada vez mais fortes e redução da faixa de areia. A tendência pro futuro é piorar. Precisamos nos preparar para este cenário”, argumenta Fraga.
A comissão da Câmara é formada ainda pelos vereadores Geraldo Júnior (MDB), Ireuda Silva (Republicanos), Sidninho (Podemos), Ricardo Almeida (PSC), Daniel Alves (PSDB), Roberta Caires (PP), Marta Rodrigues (PT) e Suíca (PT). “Trata-se de um grupo de trabalho formado para contribuir com a cidade no enfrentamento dos desafios causados pelas mudanças climáticas. A exposição é fruto concreto desse trabalho”, diz André Fraga.
Fotos e projeções
Integram a exposição fotos aéreas de 15 locais de Salvador seguidas de projeções de como esses espaços ficarão com o aumento do nível do mar. Entre as áreas retratadas estão pontos turísticos famosos, como o Porto da Barra, Mercado Modelo, Ilha dos Frades e até trecho do Sistema Ferroviário do Subúrbio de Salvador, desativado para a construção do VLT do Subúrbio.
“As ameaças decorrentes da mudança do clima são particularmente pronunciadas nas cidades. No caso específico de Salvador, onde, em função da topografia irregular e das características da expansão urbana, aproximadamente metade da população vive em áreas vulneráveis”, diz a diretora ProAdapta/GIZ, Ana-Carolina Câmara.
As projeções foram feitas considerando uma elevação do nível do mar de 55 centímetros em 2100, o que vai ocorrer caso a temperatura média do planeta aumente em 1,5ºC, de acordo com Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (IPCC). “Essa é uma previsão até otimista, pois caso o planeta fique 3ºC mais quente, o aumento do nível do mar vai ser de mais de 1 metro, ocasionando muitas outras perdas para a cidade”, explica a arquiteta e curadora da exposição, Manuela Accioly.
“As imagens dessa exposição mostram como não há outra opção a não ser tomar ações urgentes e efetivas já para reduzir emissões e preparar nossas cidades para minimizar os impactos climáticos”, comenta Ilan Cuperstein, vice-diretor regional da C40 para América Latina. Ele diz que a crise climática já está aqui e as chuvas na Bahia, Rio, Minas, Pernambuco, as secas e as ondas são sinais claros da velocidade com que o clima está mudando pela ação do ser humano.
“No Brasil e no mundo, temos a missão de promover o desenvolvimento sustentável, que através do apoio a esta exposição acreditamos estar um passo mais perto dos nossos objetivos”, afirma Anja Czymmeck, diretora da Fundação Konrad Adenauer no Brasil.
“A exposição Salvador 2100 ajuda a materializar a percepção do dano e do impacto potencial da omissão ante a crise climática. A mudança só virá se houver uma consciência coletiva em relação à sua necessidade. E a arte é o instrumento mais poderoso para mudar hábitos e sensibilizar a todos para a importância da agenda climática”, comenta Rodrigo Perpétuo, diretor executivo do ICLEI para a América do Sul.
Foto: Divulgação/CMS